“Toda a gente percebia que este não era um dia qualquer”

Enquanto começavam a chegar os alunos das escolas para assistir à palestra do professor Rui Agostinho, ouvimos na emissão da Agência Espacial Europeia (ESA) que a separação entre a Roseta e a File tinha sido efectuada com sucesso.

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Enquanto começavam a chegar os alunos das escolas para assistir à palestra do professor Rui Agostinho, ouvimos na emissão da Agência Espacial Europeia (ESA) que a separação entre a Roseta e a File tinha sido efectuada com sucesso.

A partir dessa altura bastava esperar que as leis da física fizessem o seu trabalho e levassem o File até ao cometa em queda livre. Boas notícias.

Depois de um almoço rápido em que me diverti com o professor Rui Agostinho a calcular o tempo exacto de queda da File, seguimos para o programa da tarde. As actividades e palestras, interrompidas por ligações Skype a outros centros e entrevistas para a rádio, davam a sensação de ser uma desculpa para passar o tempo até ao momento mais aguardado: o sinal da File na superfície do cometa. Sentia-se na expressão das crianças a emoção do momento. Toda a gente percebia que este não era um dia qualquer e ouviram-se palmas sempre que chegava qualquer informação da ESA.

Finalmente, por volta das 16h, vimos as pessoas na ESA a festejar. Tinha corrido tudo bem. Eu, que durante a minha palestra já tinha dito que como cientista gostava de ver para crer, aguardava mais do que os abraços entre engenheiros e cientistas que nos chegavam pela Internet.

Queria ver a paisagem do cometa. Mais tarde começaram a chegar informações de alguns percalços. O jacto que empurraria a sonda contra o cometa não funcionou. Os arpões não dispararam. Estaria o File mesmo pousado no cometa, ou teria resvalado e escapado em direcção ao espaço? A ver vamos. Entretanto o cometa rodou e a Roseta perdeu ligação com o File. Teremos de esperar seis horas até as duas voltem a comunicar.


Astrofísico do Instituto Max Planck para a Investigação do Sistema Solar, na Alemanha