Jovem britânico-iraniana condenada a um ano de prisão por tentar assistir a jogo de vólei

Autoridades iranianas consideram a jovem culpada de divulgação de propaganda anti-regime.

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Ghoncheh Ghavami esteve 14 dias em greve de fome DR

Ghoncheh Ghavami, uma jovem estudante de 25 anos, que sempre viveu em Inglaterra, foi considerada culpada de divulgação de propaganda anti-regime, disse o seu advogado, Alizadeh Tabatabaie, citado pela BBC online.

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Ghoncheh Ghavami, uma jovem estudante de 25 anos, que sempre viveu em Inglaterra, foi considerada culpada de divulgação de propaganda anti-regime, disse o seu advogado, Alizadeh Tabatabaie, citado pela BBC online.

A jovem estava no país de origem dos pais como voluntária, estando a fazer trabalho com crianças de rua em Teerão, explicou o irmão, Iman Ghavami. A estudante de Direito na Escola de Estudos Africanos e Orientais, da Universidade de Londres, fazia parte de um grupo de mulheres que estavam a tentar assistir a um jogo da selecção nacional iraniana de vólei contra a Itália, a 20 de Junho. Várias mulheres foram presas e alegadamente agredidas antes de serem libertadas.

Desde 2002 que o Irão proibiu a ida de mulheres a jogos de vólei, alargando assim uma interdição que já existia para jogos de futebol e outros grandes acontecimentos desportivos. As autoridades iranianas defendem que as mulheres precisam de ser protegidas do comportamento indecoroso dos fãs masculinos do desporto.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico manifestou preocupação com a sentença. “Estamos preocupados com os argumentos que sustentam esta acusação, com a forma como o processo foi conduzido, assim como com a forma como Ghavami foi tratada sob custódia”, refere o comunicado, citado pela BBC. Ghavami passou 41 dias em solitária. Como forma de protesto, esteve em greve de fome 14 dias, refere o Guardian.

No dia do jogo, a jovem foi interrogada durante quatro horas. Foi libertada mais tarde mas voltaram a prendê-la alguns dias depois quando foi buscar os seus objectos pessoais a uma esquadra de polícia, altura em que os agentes perceberam que ela tinha dupla cidadania, é britânico-iraniana.

Questionado pela CNN no mês passado, o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, veio defender a prisão de Ghavami. Disse que o Irão não reconhece a dupla nacionalidade e acrescentou: “o nosso objectivo é que as leis sejam respeitadas em qualquer situação”.

A Amnistia Internacional considera Ghavami, que é de Shepherd's Bush (na zona ocidental de Londres), como “prisioneira de consciência”, tendo pedido a sua libertação imediata. Mais de 700 mil pessoas assinaram uma petição online instando as autoridades a libertá-la.

O irmão da jovem, Iman Ghavami, que vive em Londres, disse ao Guardian, na sexta-feira, que os pais falaram com ela e que “continuava com medo”. "Ela está isolada do mundo, por isso não faz ideia do que está a acontecer”. “Perdeu algum peso e o seu estado de saúde era frágil quando compareceu em tribunal porque já não comia há muitos dias”, explicou.