Suspeita de ébola simulada alerta para necessidade de ligar primeiro para Linha de Saúde 24

Director-geral da Saúde relembrou que o risco para Portugal é baixo. O que está em causa, tal como aconteceu em Espanha e nos Estados Unidos, é poder haver cerca de um a três casos importados.

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O ministro da Saúde afirmou que os técnicos internacionais destacaram a qualidade de resposta dos hospitais e do INEM Miguel Manso

Na conferência de imprensa que se seguiu ao exercício, o director-geral da Saúde, Francisco George, relembrou que o risco para Portugal é baixo. O que está em causa, tal como aconteceu em Espanha e nos Estados Unidos, é poder haver um a três casos importados, sublinhando que “o problema é dramático na costa ocidental de África, onde há uma epidemia sem controlo, com ligeira desaceleração na Libéria”.

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Na conferência de imprensa que se seguiu ao exercício, o director-geral da Saúde, Francisco George, relembrou que o risco para Portugal é baixo. O que está em causa, tal como aconteceu em Espanha e nos Estados Unidos, é poder haver um a três casos importados, sublinhando que “o problema é dramático na costa ocidental de África, onde há uma epidemia sem controlo, com ligeira desaceleração na Libéria”.

O simulacro ocorreu um dia após a realização de outros dois testes – um em Lisboa e outro no Porto – à resposta portuguesa a casos suspeitos de ébola, que foram acompanhados por representantes do Centro Europeu de Prevenção e Controlo da Doença (ECDC), que irão depois fazer recomendações às autoridades portuguesas. Em antecipação, o ministro da Saúde Paulo Macedo, afirmou que os técnicos internacionais destacaram a boa articulação dos profissionais durante o exercício, além da qualidade de resposta dos hospitais e do INEM. “Para esta fase, com o nosso território e a nossa realidade, temos uma boa preparação”, defendeu.

No simulacro deste sábado, Catarina Furtado “fingiu” que tinha estado na Serra Leoa, um dos países atingidos pelo surto de Ébola que, onde teria participado numa missão de apoio à população atingida pela doença, no âmbito das suas funções de Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População, refere a Lusa. Para ser considerada um caso suspeito, a pessoa tem de ter estado em países afectados (neste momento consideram-se apenas a Guiné-Conacri, a Libéria e a Serra Leoa) num período de 21 dias antes do início dos sintomas ou contacto próximo com doente infectado por vírus ébola, com objectos ou superfícies contaminados.

A apresentadora começou supostamente a sentir-se febril e com dores abdominais, descreveu a Lusa. Segundo a Direcção-Geral de Saúde, os sintomas mais frequentes da infecção são febre, náuseas, vómitos e diarreia, dores abdominais, dores musculares, dores de cabeça, dores de garganta, fraqueza e hemorragia inexplicada, que aparecem subitamente entre dois e 21 dias após a exposição ao vírus.

Em Portugal existem três hospitais de referência para a infecção por vírus Ébola: São João, no Porto, e os hospitais Curry Cabral e Dona Estefânia, em Lisboa. Catarina Furtado foi para o Curry Cabral, transportada por uma ambulância do INEM.

Na conferência de imprensa, o presidente do INEM, Paulo Campos, esclareceu que há três ambulâncias alocadas só para o transporte de doentes suspeitos de infecção pelo vírus do ébola, em Lisboa, Porto e Coimbra. Para além de terem o símbolo de “risco biológico”, apenas o seu interior é diferente: estão forradas com “uma película plástica que se incinera depois de cada transporte, uma vez que há superfícies que são mais difíceis de desinfectar”, explicou. Paulo Campos disse que no INEM fazem simulacros de ébola todas as semanas e que os procedimentos estão constantemente a ser actualizados. Por exemplo, no início usavam óculos, máscara e viseira, agora usam também, além desse material, uma cógula protectora, por instrução do ECDC.

Só após realizadas as análises no Instituto Nacional de Saúde dr. Ricardo Jorge (Insa) se soube que Catarina Furtado não tinha, afinal, a doença. O presidente do Insa, Fernando Almeida, explicou que a instituição pode realizar o teste de diagnóstico em quatro horas, à semelhança de outros laboratórios do mundo. “Há uma técnica em estudo que permite reduzir para duas horas, mas não nos parece crucial esta redução. Se for preciso, iremos disponibilizar”, disse . A chamada “contraprova” decorre em três a quatro horas.

Apesar de a Guiné-Bissau não ser um dos países atingidos, o director-geral da Saúde, Francisco George, informou que o Governo guineense pediu ajuda a Portugal para a prevenção do ébola. O Governo de Lisboa respondeu que ajudaria, desde que a missão portuguesa fosse enquadrada pelas Nações Unidas, localizada em Acra, a capital do Gana.

De Dezembro de 2013 a 27 de Outubro de 2014 foram registados em oito países (Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa, Mali, Nigéria, Senegal, Espanha e Estados Unidos) mais de treze mil casos de doença por vírus ébola, tendo morrido cerca de 50% dos doentes, ou seja 4920 pessoas.