Soro anti-ébola vai ter ensaio clínico

Vários projectos de investigação sobre a doença receberam financiamento de urgência da União Europeia.

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O vírus do ébola CDC

Há décadas que infecções como a raiva ou o tétano são tratadas com o soro de pessoas ou animais imunizados contra essas doenças, que contêm portanto anticorpos eficazes. No caso do ébola, sabe-se que, entre oito doentes tratados com sangue de sobreviventes em 1995, durante um surto na República Democrática do Congo (DRC), sete venceram a doença. Mas esses resultados não são conclusivos.

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Há décadas que infecções como a raiva ou o tétano são tratadas com o soro de pessoas ou animais imunizados contra essas doenças, que contêm portanto anticorpos eficazes. No caso do ébola, sabe-se que, entre oito doentes tratados com sangue de sobreviventes em 1995, durante um surto na República Democrática do Congo (DRC), sete venceram a doença. Mas esses resultados não são conclusivos.

“Os tratamentos com sangue [e soro] são intervenções médicas que têm uma longa história e que são usados em segurança contra outras doenças infecciosas”, diz Johan van Griensven, do IMT belga, em comunicado. “Queremos saber se esta abordagem funciona com o ébola, se é segura e se pode ser posta em prática para reduzir o número de mortes na actual epidemia.”

O projecto vai receber 2,9 milhões de euros da União Europeia (UE). Participam no consórcio as universidades de Liverpool e de Oxford e a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (Reino Unido); a Universidade de Aix-Marselha, o instituto francês de transfusão sanguínea, o Instituto Pasteur e o Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica (França); a Cruz Vermelha belga de Flandres; o Centro Nacional de Transfusão Sanguínea da Guiné-Conacri; e o Instituto Nacional de Investigação Biomédica de Kinshasa (DRC).  

Estes ensaios clínicos fazem parte de uma série de cinco projectos de investigação que, segundo anunciou a UE esta quinta-feira, irão receber um total de 24,4 milhões de euros, vindos do programa Horizonte 2020 de investigação e inovação da UE e “canalisados através de um procedimento de urgência”.

A maior parte (15,1 milhões) destina-se à realização de ensaios clínicos de uma vacina experimental na Europa e África coordenada pelos laboratórios GlaxoSmithKline. O resto é partilhado, por ordem decrescente de financiamento, entre o já referido projecto; um estudo de segurança e eficácia contra o ébola de um anti-viral utilizado contra a gripe (2,6 milhões); um estudo sobre a segurança e eficácia no tratamento de doentes infectados de anticorpos anti-ébola produzidos em cavalos (2 milhões); e uma pesquisa sobre as interacções entre o vírus de ébola e o organismo do doente (1,8 milhões).