Re-Pa, não há derby como este no mundo
Um século de rivalidade que se mantém viva, apesar do actual mau momento de ambos os clubes.
Ao longo de 100 anos de confrontos, o “Leão Azul”, como é conhecido o Remo, leva alguma vantagem, já que venceu 257 vezes (35,3% do total) e marcou 944 golos, enquanto o “Papão da Amazónia” soma 228 triunfos (31,3%) e 902 golos apontados – registaram-se ainda 243 empates. Mas o Paysandu pode vangloriar-se de ter mais títulos estaduais (45) do que o Remo (43), embora tenha sido “o mais querido”, como o Remo é apelidado no seu site oficial, que venceu o último, numa final a duas mãos disputada contra… o Paysandu.
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Ao longo de 100 anos de confrontos, o “Leão Azul”, como é conhecido o Remo, leva alguma vantagem, já que venceu 257 vezes (35,3% do total) e marcou 944 golos, enquanto o “Papão da Amazónia” soma 228 triunfos (31,3%) e 902 golos apontados – registaram-se ainda 243 empates. Mas o Paysandu pode vangloriar-se de ter mais títulos estaduais (45) do que o Remo (43), embora tenha sido “o mais querido”, como o Remo é apelidado no seu site oficial, que venceu o último, numa final a duas mãos disputada contra… o Paysandu.
O elevado número de embates entre as duas equipas tem a sua explicação. Tudo começa em 1914, quando os dois emblemas adquirem as suas actuais designações. Ambos sempre se mantiveram no principal campeonato estadual, que já leva 102 edições, e sendo uma prova relativamente pequena, com poucos clubes a competir, é inevitável que os confrontos entre os dois sejam frequentes. Aliás, Remo e Paysandu somam 88 títulos, tendo deixado fugir apenas 14 troféus para outros quatro emblemas do estado.
Apesar de, actualmente, atravessarem maus momentos desportivos, a rivalidade entre Remo e Paysandu permanece, embora longe vão os tempos em que o derby, conhecido também como “Clássico Rei da Amazónia”, reunia 65 mil adeptos, como ocorreu em 1999, na que foi a maior assistência registada em jogos entre ambos até hoje, ou mesmo 50 mil, como sucedeu em 2004. E é preciso recuar até 1993 para descobrir um Re-Pa disputado no principal escalão do futebol brasileiro.
Ao longo de um século de rivalidade, são inevitáveis diversos momentos mais ou menos memoráveis. Dos 7-0 aplicados pelo Paysandu ao Remo, em 1945, naquela que foi a maior goleada entre ambos até hoje, aos 33 jogos que o Remo esteve sem ser derrotado pelo Paysandu (entre 31 de Janeiro de 1993 a 7 de Maio de 1997), no que é apelidado de tabu azulino.
Mas também se encontram vários episódios caricatos. E basta recuar até Fevereiro deste ano para descobrir mais um. Muita chuva, mau relvado, cerca de 20 mil adeptos nas bancadas e o marcador a zero. A partida encaminhava-se para o seu final e o Remo carregava sobre o Paysandu. A cinco minutos dos 90’, Ratinho faz uma boa jogada na área adversária e quando se prepara para finalizar entra em campo um cão, atrapalhando a jogada e impedindo aquele que poderia ser o golo da vitória do Remo. A Fenómeno Azul, claque do Remo, entra em turbilhão, não querendo acreditar como um golo feito é roubado daquela forma por um canídeo, enquanto a Fiel Bicolor, claque do Paysandu, explode em delírio. É, não há derby como o Re-Pa neste mundo.
* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos