Corpos encontrados em vala comum não são dos estudantes mexicanos desaparecidos

Já foram descobertas mais sepulturas clandestinas e foram presos mais polícias, mas o mistério continua.

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Alunos da escola de formação de professores Ayotzinapa desfilam na capital do estado de Guerrero Jorge Dan Lopez/REUTERS

“Posso dizer-lhes que nas primeiras fossas que encontrámos, naquelas em que já temos alguns resultados, não há correspondências com o ADN dos familiares”, revelou o procurador-geral mexicano, Jesús Murillo Karam.

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“Posso dizer-lhes que nas primeiras fossas que encontrámos, naquelas em que já temos alguns resultados, não há correspondências com o ADN dos familiares”, revelou o procurador-geral mexicano, Jesús Murillo Karam.

Mas já foram encontradas mais cinco valas comuns com cadáveres calcinados desde que foi iniciada a busca pelos jovens com idades entre os 17 e os 21 da escola de formação de professores de Ayotzinapa. Por isso, os jovens desaparecidos, e que tinham ido a uma manifestação em Iguala contra as reformas que o Governo quer fazer na Educação, podem estar nestas outras valas ou noutras ainda não encontradas.

Foram presos mais 14 polícias de Cocula, uma localidade próxima de Iguala, que, segundo Murillo Karam, confessaram ter participado na execução dos jovens, numa acção concertada com o cartel de narcotraficantes Guerreros Unidos – outros 22 tinham já sido presos.

Os novos detidos reconheceram “ter transportado os estudantes entre Iguala e Cocula”, onde os entregaram aos narcotraficantes, afirmou Tomas Zeron, director da Agência de Investigação Criminal, que não avançou mais pormenores.

Este caso está a causar uma grande revolta no México, onde desde 2007 mais de 100 mil pessoas já morreram por causa de violência relacionada com a droga. Os estudantes da Universidade Autónoma do México e da Universidade Autónoma Metropolitana, na capital mexicana, declararam uma greve de 48 horas em apoio aos desaparecidos. Na terça-feira centenas de estudantes e professores atacaram e incendiaram a sede do governo do estado de Guerrero, em Chilpancingo, a capital estadual, exigindo a demissão do governador, numa manifestação que degenerou em violência.