Cavaco Silva apela a “reflexão séria” sobre modelo de colocação dos professores

Presidente da República alerta que “alguma coisa não está bem em Portugal” no que toca à colocação de docentes, que “alunos foram prejudicados” e “professores viveram tempos de angústia”. Quando vivia em Inglaterra, estes problemas não aconteciam, disse, porque o modelo era descentralizado.

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Cavaco Silva já condecorou 32 personalidades com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo Foto: Adriano Miranda

“As coisas não correram bem na colocação dos professores. Parece que está em vias de resolver-se o problema, mas até este momento já houve atrasos nas aulas e, portanto, os alunos foram prejudicados. Por outro lado, alguns professores viveram tempos de angústia sem saberem onde é que iam trabalhar e isto não é positivo para um país que quer apostar na excelência da educação. Agora, eu penso que é preciso fazer uma reflexão séria sobre o modelo de colocação de professores”, disse aos jornalistas, no final da segunda jornada do "Roteiro para uma Economia Dinâmica", em declarações que foram transmitidas pela Sic Notícias.

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“As coisas não correram bem na colocação dos professores. Parece que está em vias de resolver-se o problema, mas até este momento já houve atrasos nas aulas e, portanto, os alunos foram prejudicados. Por outro lado, alguns professores viveram tempos de angústia sem saberem onde é que iam trabalhar e isto não é positivo para um país que quer apostar na excelência da educação. Agora, eu penso que é preciso fazer uma reflexão séria sobre o modelo de colocação de professores”, disse aos jornalistas, no final da segunda jornada do "Roteiro para uma Economia Dinâmica", em declarações que foram transmitidas pela Sic Notícias.

O Presidente da República ressalvou, no entanto, que “não é a primeira vez que acontecem estas coisas”: “Estes problemas são recorrentes, portanto há alguma coisa que não está bem em Portugal naquilo que diz respeito ao modelo de colocação de professores. Como sabem eu vivi em Inglaterra, tive filhos numa escola, e os problemas na colocação de professores nunca se colocavam. Porquê? Porque penso que havia uma descentralização na colocação de professores e não era tudo resolvido no Ministério da Educação”, afirmou.

Cavaco Silva foi ainda questionado pelos jornalistas sobre se o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, tem condições para continuar no cargo depois dos problemas com as colocações dos professores. Mas o Presidente da República lembrou que “só existe uma pessoa em Portugal que tem competência para propor a nomeação ou a exoneração dos ministros”: “É o senhor primeiro-ministro.”

PS fala em 70 mil alunos com furos
O arranque do ano lectivo continua a suscitar polémica e nesta segunda-feira a Plataforma de Sindicatos de Professores – que junta sete estruturas sindicais, entre as quais a Federação Nacional dos Professores – enviou uma nota à comunicação social, sublinhando que voltou a pedir reuniões ao ministro Nuno Crato e à directora-geral da Administração Escolar. Em causa estão “ainda as colocações de professores”.

Segundo o comunicado, desde 10 de Setembro que foram pedidas “várias vezes” reuniões ao ministro. Por “ausência de resposta”, os encontros não se realizaram, o que, se tivesse acontecido, “poderia ter evitado que os problemas se arrastassem no tempo, como tem acontecido, com evidentes prejuízos para os professores, as escolas e os seus alunos”, lê-se.

Também nesta segunda-feira, a distrital do PS do Porto pediu a “exoneração” de Crato e dos secretários de estado. Os socialistas estimam que “só no distrito do Porto” continuam “por ocupar mais de 1400 horários e serão cerca de 70 mil os alunos” sem “um ou vários professores”. Os dados foram apresentados em conferência de imprensa e resultam de uma "consulta directa a directores" de escolas e agrupamentos, pelo que, afirmaram os socialistas citados pela agência Lusa, "se estiverem incompletos, pecam por defeito".

Questionado sobre estes números, Filinto Lima, da Associação Nacional dos Agrupamentos e Escolas Públicas, diz que não há um levantamento dos alunos que estão com “furos” nos horários, mas insiste que “o que é grave" é ainda haver, "nesta altura do campeonato”, estudantes sem aulas: “Independentemente do número é grave.”