Julião Sarmento e José Adrião ganham Prémio AICA

Depois de um hiato de um ano, devido ao corte do apoio da SEC, o Prémio AICA regressa à normalidade: Sarmento e Adrião são os vencedores da edição relativa a 2012, em breve serão conhecidos os vencedores da edição de 2013.

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Julião Sarmento venceu com Noites Brancas, a exposição comissariada por João Fernandes e James Lingwood que há dois anos apresentou em Serralves – a mais importante e abrangente retrospectiva até hoje dedicada à sua obra. José Adrião venceu com um conjunto de obras e intervenções realizadas na cidade de Lisboa entre 2011 e 2012, nomeadamente nos bairros de Campo de Ourique, Lapa e Baixa, onde fica a Baixa-House, com a qual ganhou também o Prémio Vilalva.    

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Julião Sarmento venceu com Noites Brancas, a exposição comissariada por João Fernandes e James Lingwood que há dois anos apresentou em Serralves – a mais importante e abrangente retrospectiva até hoje dedicada à sua obra. José Adrião venceu com um conjunto de obras e intervenções realizadas na cidade de Lisboa entre 2011 e 2012, nomeadamente nos bairros de Campo de Ourique, Lapa e Baixa, onde fica a Baixa-House, com a qual ganhou também o Prémio Vilalva.    

Destinado a consagrados e atribuindo 10 mil euros para cada modalidade, o prémio teve nesta edição como júri Sara Antónia Matos, directora do Atelier-Museu Júlio Pomar (presidente), Helena de Freitas, curadora da Fundação Calouste Gulbenkian e ex-directora da Casa das Histórias Paula Rego, Nuno Grande, arquitecto e professor na Faculdade de Arquitectura do Porto, Sérgio Mah, curador especializado em fotografia, e Michel Tussaint, arquitecto e professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. Na acta da reunião de quarta-feira este colectivo destaca o constante experimentalismo e energia de Julião Sarmento e o respeito de José Adrião pelas pré-existências.

“Julião Sarmento é uma das figuras mais relevantes da arte portuguesa desde os anos de 1970, momento em que inicia um percurso de internacionalização que mantém até hoje com intensidade e amplo reconhecimento”, recorda o júri. Para explicar: “Artista em permanente estado de experimentação em diversos suportes (pintura, desenho, fotografia, performance, escultura, instalação, filme), a sua obra distingue-se também pela proliferação de inúmeras referências com origem na literatura e na filosofia, na arte e na arquitectura, na música e no cinema, enquanto territórios de imagens, narrativas e mitologias da sua época. Nessa pluralidade e abertura experimental, tem sabido afirmar uma linha de coerência e de identidade, factos plenamente confirmados na exposição organizada pela Fundação de Serralves, em 2012.”

O mesmo júri destaca ainda em Sarmento o “papel catalisador e estimulante na relação com as novas gerações de artistas e de curadores, sensíveis aos valores da mobilidade e da eficácia de um percurso marcado pela energia e pelo risco.”

Já a distinção de José Adrião tem, em parte, um manifesto teor político. Segundo o júri, a obra deste arquitecto “tem sabido afirmar, com descrição, a sua condição contemporânea em diálogo com as memórias materiais e imateriais precedentes, relacionando paisagem, cidade e edifício”. É por via desse respeito face às pré-existências que “diverge das práticas comuns da reabilitação urbana e arquitetónica, que hoje percorrem a retórica política e a promoção imobiliária nas principais cidades portuguesas, as quais têm conduzido a excessivas ‘gentrificações’ turísticas dos centros históricos”.

Os edifícios de habitação de José Adrião em Lisboa, em bairros como Campo de Ourique, Lapa e Baixa Pombalina, “demonstram essa capacidade de transformar os espaços, sem obliterar as características mais nobres, ou até as mais comuns, ali sedimentadas pelo tempo”, lê-se ainda na acta do júri.

A cerimónia de entrega do prémio não tem ainda data marcada. No entanto, Delfim Sardo, curador de arte contemporânea e presidente da secção portuguesa da AICA, disse esta quinta-feira ao PÚBLICO que “muito brevemente” serão também anunciados os vencedores do AICA 2013 – depois de a Secretaria de Estado da Cultura ter em 2011 retirado apoio financeiro ao prémio que nesse ano celebrava o seu 30º aniversário, as várias entidades envolvidas estão agora a tentar “repor a situação normal do prémio” e “recuperar o hiato”, diz Sardo.