Quem és tu, Daddy Birori?

O caso de dupla identidade que levou o Ruanda a ser desqualificado do apuramento para o Campeonato Africano das Nações 2015.

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Daddy Birori ou Agiti Tady Etekiama? DR

Daddy Birori nasceu a 12 de Dezembro de 1986 e desde 2009 representa a selecção do Ruanda. Avançado, participou na qualificação para os Mundiais de 2010 e 2014. Apontou um hat-trick frente à Líbia, na segunda mão da primeira ronda da qualificação para a CAN 2015. Na página oficial da FIFA na Internet o seu nome aparece escrito como Daddy Birori, embora a Confederação Africana de Futebol (CAF) escreva Dady Birori.

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Daddy Birori nasceu a 12 de Dezembro de 1986 e desde 2009 representa a selecção do Ruanda. Avançado, participou na qualificação para os Mundiais de 2010 e 2014. Apontou um hat-trick frente à Líbia, na segunda mão da primeira ronda da qualificação para a CAN 2015. Na página oficial da FIFA na Internet o seu nome aparece escrito como Daddy Birori, embora a Confederação Africana de Futebol (CAF) escreva Dady Birori.

Agiti Tady Etekiama também é avançado, mas é ligeiramente mais jovem: nasceu a 13 de Dezembro de 1990 e tem passaporte da República Democrática do Congo, onde joga ao serviço do AS Vita Club – emblema que terminou no terceiro lugar da Liga congolesa na temporada passada e cujo feito mais notável da sua história é a conquista da Taça dos Clubes Campeões Africanos, em 1973.

Os dois são a mesma pessoa – e isso é um enorme problema, principalmente para a selecção do Ruanda. Os amavubi tinham garantido um lugar no Grupo A de apuramento para o CAN 2015 ao eliminar o Congo na segunda ronda, mas a dupla identidade do avançado foi denunciada. A fraude podia ter enganado todos menos o francês Claude Le Roy, seleccionador do Congo desde 2013 e que antes (2011-2013) tinha orientado a selecção da RD Congo. “Cheguei a dizer aos dirigentes ruandeses [antes da eliminatória] para não o colocarem a jogar, que eu esqueceria o assunto”, confessou à France Info. Como isso não aconteceu, a queixa foi feita. A CAF convocou as federações do Ruanda, Congo e RD Congo para esclarecer o assunto, assim como Daddy Birori e Agiti Tady Etekiama. Como é óbvio, só compareceu uma pessoa.

“Apesar de a federação ruandesa (FERWAFA) manter que, pelo que era o seu conhecimento, o jogador Daddy Birori só tinha uma identidade, as investigações revelaram que ele foi convocado pela FERWAFA como Agiti Tady Etekiama para representar a selecção do Ruanda”, podia ler-se no comunicado da CAF. O jogador foi suspenso “até nova ordem”, estando impedido de jogar pelo clube ou pela selecção ruandesa, desqualificada do apuramento para o CAN 2015, com o Congo a tomar o seu lugar no Grupo A, onde vai lutar pelo apuramento com a Nigéria, Sudão e África do Sul. O Ruanda vai recorrer da decisão, garantiu o presidente da FERWAFA, Vincent de Gaulle Nzamwita: “Não podemos controlar o que acontece entre ele e o clube pelo qual joga”, sublinhou o dirigente.

Claude Le Roy tem outra opinião. “Para Birori, o interesse de ter uma segunda identidade com o nome Etekiama, mais jovem, pode ter sido, em determinado momento, a hipótese de representar a selecção olímpica ruandesa”, explicou o técnico, com larga experiência no futebol africano. E acrescentou: “Na verdade, o jogador terá nascido em 1980”. Duas datas de nascimento ainda vá, mas três é capaz de já ser de mais.

Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos