Rui Moreira pode retirar pelouros a vereador do CDS na Câmara do Porto

Manuel Sampaio Pimentel, número dois na lista do executivo, regressou esta quarta-feira à câmara, após um período de férias, e não fala sobre a crise no executivo.

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PSD não poupa gestão camarária do independente Rui Moreira Miguel Nogueira

Embora Rui Moreira se mantenha em silêncio, fonte da Câmara do Porto disse ao PÚBLICO que o autarca vai negociar uma solução com o CDS, que pode passar pela substituição de Pimentel por Manuel Aranha, também do CDS.

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Embora Rui Moreira se mantenha em silêncio, fonte da Câmara do Porto disse ao PÚBLICO que o autarca vai negociar uma solução com o CDS, que pode passar pela substituição de Pimentel por Manuel Aranha, também do CDS.

O número dois da lista de Rui Moreira à Câmara do Porto regressou esta quarta-feira às suas funções de vereador depois de um período de férias de Verão, mas Sampaio Pimentel não fala sobre o conflito que se instalou na maioria.

A situação é delicada e vereadores e deputados municipais estão preocupados, mas são unânimes a dizer que as hostilidades há muito que já se fazem sentir.

O líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal do Porto, Luís Artur, lamenta a “crispação que se instalou na actual maioria e que tem vindo a dar sinais há já algum tempo” e “até a acha natural”. Porquê? “Primeiro, por que Manuel Pizarro tem excesso de protagonismo na gestão da câmara; segundo por que o CDS tem cada vez menos visibilidade”.

“O protagonismo de Manuel Pizarro é superior à sua votação nas eleições autárquicas”, evidencia Luís Artur, reprovando o estilo para a “falta de consenso” do vereador do PS para questões importantes para a cidade como é o caso do regulamento municipal de habitação, aprovado recentemente. No plano estritamente partidário, observa que estas situações “até beneficiam o PSD, todavia prejudicam a cidade e contribuem para a descredibilização dos políticos”.

Sobre o primeiro ano de mandato de Rui Moreira, o deputado recusa fazer um balanço, optando por dizer que “não existe obra no terreno”. “A câmara tem uma gestão corrente e se há alguma vida na cidade deve-se aos privados”, sublinha para perguntar:” Por que é que a câmara não avança com as obras no Bolhão?”

Na sua opinião, o presidente não pode continuar eternamente à espera dos fundos comunitários, porque - frisa – “há outras formas de financiar as obras”. “Há algum imobilismo do executivo camarário”, afirma, advertindo a maioria de que “há um programa eleitoral que foi sufragado pelos portuenses e que não está a ser cumprido”.

Mais condescendente mostra-se o vereador independente Ricardo Valente, eleito na lista do PSD. “É perfeitamente normal que o presidente da câmara tenha uma velocidade que não seja aquela que as pessoas pretendiam. Não sou apologista de 100 dias/100 medidas”, declara, vincando que “o primeiro ano é por natureza um ano difícil”.

Ao PÚBLICO, Ricardo Valente aponta algumas das “grandes alterações” da nova maioria que governa a câmara e que considera positivas como a política de comunicação e política cultural, mas teme derrapagem nas contas.

No plano estritamente político, o vereador defende que a câmara tem de definir uma “estratégia clara sobre aquilo que pretende fazer relativamente aos bairros sociais”. “A Câmara do Porto ainda não decidiu se quer continuar a ser um grande senhorio ou se quer optar por uma lógica diferente. Essa questão, que é política, tem de ser colocada em cima da mesa”.

Sobre a tensão no executivo, Ricardo Valente revela que ela já existe há muito tempo e acredita que ela resulta do facto de a liderança da câmara estar a ser feita por Manuel Pizarro. “Trata-se de um marechal a comandar as tropas e não de um general e isso deixa as pessoas um bocado desiludidas”, conclui.