Jorge Sampaio pede mais Europa na resolução dos actuais conflitos

Jorge Sampaio não quis comentar Sobre a entrada da Guiné Equatorial na CPLP decidida na quarta-feira em Díli.

Jorge Sampaio falava esta tarde aos jornalistas em Serralves, no Porto, durante uma visita com estudantes sírios à exposição de pintura de Marwan, artista daquele país. Os jovens estão a estudar em Portugal no âmbito da Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência, iniciativa do ex-Presidente da República.

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Jorge Sampaio falava esta tarde aos jornalistas em Serralves, no Porto, durante uma visita com estudantes sírios à exposição de pintura de Marwan, artista daquele país. Os jovens estão a estudar em Portugal no âmbito da Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência, iniciativa do ex-Presidente da República.

"Estamos hoje perante uma crise que é hoje muito mais vasta do que é a simples e dramática crise síria. (…) Temos que insistir que a Europa apareça mais. Isto é fácil dizer e difícil de fazer, mas é preciso fazer", defendeu.

Jorge Sampaio elencou a crise no Iraque, o conflito israelo-palestiniano, "as vicissitudes de uma importante negociação entre os Estados Unidos e os outros países com o Irão, o califado que irrompe e parte o Iraque e pode chegar à Síria, a situação no Egipto, a confusão terrível que existe na Líbia", a Tunísia. E "o grande desafio que a questão da Ucrânia coloca à União Europeia".

"Tudo isto requer um grande esforço multilateral para que haja um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e para que, a sério, se possa efectivamente chegar a uma conclusão. Isso impõe cedências, impõe esforço diplomático", defendeu.

Questionado pelos jornalistas, o antigo chefe de Estado foi peremptório: "isto é cada vez mais próximo".

"Basta pensar no que se passa no Sahel africano para perceber que está cada vez mais próximo. Isto é um assunto que está na nossa vizinhança. Isto não é para causar alarmismos, é para dizer que temos um papel a jogar nisto, todos nós, países mais pequenos ou países maiores", enfatizou.

Jorge Sampaio disse ainda que o que "se passa é verdadeiramente dramático para a humanidade em geral".

"Temos até pessoas que conhecemos em Gaza que nos mandam comunicações no sentido de dizer: arranjem-nos bolsas", descreveu.

Falando da Primavera Árabe, o antigo Presidente da República disse ser preciso que "a Europa se faça sentir de uma forma mais eficaz, mais presente, mais forte".

"Isto não pode ser deixado apenas aos actuais interlocutores, mas obviamente que é importante que a negociação diplomática - Nações Unidas, Estados Unidos, Europa - vá para além dos interesses petrolíferos e dos interesses estratégicos e vá para os interesses humanos", considerou.

Sobre a entrada da Guiné Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), decidida na quarta-feira em Díli, Jorge Sampaio escusou-se a pronunciar, dizendo apenas: "Eu já tive esse problema quando era chefe de Estado, não quero voltar a ele".