Pais de crianças em vigília contra a Junta de Freguesia de Benfica

Autarquia quer retirar à associação de pais de uma escola básica a gestão das actividades de tempos livres que ela assegura há 20 anos

De acordo com os encarregados de educação, que se concentraram junto ao portão da escola ao final da tarde, a passagem da gestão da Componente de Apoio à Família (CAF) para a Junta de Freguesia de Benfica vai implicar o despedimento de sete monitoras e a “perda de qualidade” do serviço prestado.

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De acordo com os encarregados de educação, que se concentraram junto ao portão da escola ao final da tarde, a passagem da gestão da Componente de Apoio à Família (CAF) para a Junta de Freguesia de Benfica vai implicar o despedimento de sete monitoras e a “perda de qualidade” do serviço prestado.

A CAF daquela escola, com cerca de 300 alunos, foi criada há 20 anos e tem sido gerida desde então pela associação de pais, através de um protocolo celebrado anualmente com a Câmara de Lisboa.

Em declarações à agência Lusa, Felisberto Pereira, da associação de pais, lamentou que a Junta de Freguesia de Benfica tenha decidido assumir a gestão da CAF de forma unilateral. “Estamos perante uma atitude do posso quero e mando. Estamos a falar de um serviço que sempre funcionou de forma exemplar e sem queixas. Esta decisão vai colocar pessoas no desemprego ou numa situação precária e pôr em causa a qualidade do serviço”, apontou.

Outros pais ouvidos pela Lusa também manifestaram a sua preocupação com a mudança de gestão da CAF, considerando tratar-se de uma decisão incompreensível. “Se as coisas estão bem, porquê mudar, ainda por cima sem ouvir os pais. Ainda por cima nesta altura de crise está a atirar-se sete pessoas para uma situação precária”, observou Sandra Taborda.

O futuro das sete funcionárias da associação de pais ao serviço da CAF, seis das quais efectivas, é um dos motivos que leva os encarregados de educação a contestarem a transferência da gestão dos tempos livres para a junta, porque temem que as trabalhadoras fiquem no desemprego.

"Temos uma grande preocupação por aquelas senhoras que cuidam dos nossos filhos. Merecem-nos o maior respeito e enfrentam uma situação de absoluta insegurança laboral", disse Felisberto Pereira. Segundo o representante dos pais, a proposta da junta de freguesia é de contratá-las a recibos verdes com um salário mensal de 650 euros brutos. "Algumas vão perder substancialmente se aceitarem estas condições", lamentou.

Outras das preocupações dos pais é a eventual perda de qualidade da CAF. A associação garante  um serviço de "qualidade superior", afirmam,  com "diversas actividades diferentes e apelativas" e um acompanhamento "carinhoso e atencioso" por parte das monitoras. "Não vão só nivelar preços como qualidade de oferta, por baixo", frisou um dos pais.

Para atenuar estas preocupações, a presidente da junta, Inês Drummont (PS) afirma que a autarquia também oferece diversas actividades e garante que, há dois anos, as suas CAF foram consideradas as segundas melhores de Lisboa.
 

No domingo, Inês Drummont  justificou a decisão da autarquia com o facto de esta já gerir as CAF da maioria das escolas de Benfica, faltando apenas a JI n.º1 e a Jorge Barradas. A autarca afirmou que, ao assumir a gestão das CAF daquelas duas escolas, a junta pretende ter “programas pedagógicos idênticos, com os mesmos valores e preços”, em todos os estabelecimentos da freguesia.


Contudo, Felisberto Pereira negou que haja uma “grande diferença de preços”, afirmando que a discrepância máxima entre os valores praticados pela associação de pais e os da junta é de oito euros/mês. O representante dos pais disse ainda que a associação já se mostrou disponível para “acompanhar o valor apresentado pela junta”, mas que “não foi aceite”.

Os pais da Jorge Barradas vão levar a cabo na terça-feira uma nova vigília, desta vez em frente à junta de freguesia de Benfica.