Milhares de pessoas fogem de Gaza, enquanto Abbas pede protecção da ONU

Israel ordena evacuação de cidade na zona norte.

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Israel largou entretanto folhetos sobre uma cidade de 70 mil habitantes da zona norte, Beit Lahiya, avisando que a zona será alvo de bombardeamentos maciços no sector e instruindo a população a deixar as suas casas. Milhares de palestinianos têm estado a abandonar as suas casas durante o dia – as que têm dupla nacionalidade tentam alcançar outro país, outras refugiam-se em centros da ONU, outras tentam chegar ao Sul de Gaza. Dezenas de casas foram arrasadas por bulldozers israelitas na ofensiva de 2008, porque é dali que consideram que são disparados a maior parte dos rockets que atingem Israel.

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Israel largou entretanto folhetos sobre uma cidade de 70 mil habitantes da zona norte, Beit Lahiya, avisando que a zona será alvo de bombardeamentos maciços no sector e instruindo a população a deixar as suas casas. Milhares de palestinianos têm estado a abandonar as suas casas durante o dia – as que têm dupla nacionalidade tentam alcançar outro país, outras refugiam-se em centros da ONU, outras tentam chegar ao Sul de Gaza. Dezenas de casas foram arrasadas por bulldozers israelitas na ofensiva de 2008, porque é dali que consideram que são disparados a maior parte dos rockets que atingem Israel.


Abbas enviou o seu pedido numa carta ao coordenador da ONU para o processo de paz do Médio Oriente, Robert Serry, dirigida ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Solicita ainda a criação de uma comissão de inquérito internacional sobre a situação.

Durante a noite passada, naquele que terá sido o ataque mais mortífero desde o início da ofensiva, há já seis dias, 21 pessoas morreram quando um míssil destruiu a casa de um comandante das forças de segurança do Hamas na Cidade de Gaza, atingindo uma mesquita vizinha no momento em que saíam do local vários fiéis. A maioria das vítimas pertenciam à mesma família e, além dos mortos, o ataque terá feito 35 feridos, entre eles o responsável policial.

O Exército israelita afirma que na casa estavam operacionais envolvidos nos disparos de rockets, mas o jornal Ha'aretz adianta que foi ordenado um inquérito face à informação de que os moradores não foram avisados previamente do ataque – uma prática que Israel adoptou face à decisão de atacar alvos civis.

Durante a noite, a aviação e a artilharia israelitas atacaram duas dezenas de alvos, incluindo vários edifícios das forças de segurança do Hamas, fazendo subir para mais de 1320 os mísseis disparados contra o pequeno território em cinco dias. Segundo os serviços médicos palestinianos, a ofensiva provocou já 165 mortos, a maioria dos quais civis, e mais de mil feridos. No mesmo período, o Hamas e outros grupos activos em Gaza lançaram 800 rockets contra território israelita, provocando perto de uma dezena de feridos.

Israel assegura que não suspenderá a ofensiva até que cessem os disparos – que estão a paralisar a vida no Sul do país e atingiram pela primeira vez a cidade de Haifa – e continua a fazer preparativos para uma eventual incursão terrestre. Não foi ainda isso que aconteceu na última noite, mas, pela primeira vez desde o início das hostilidades, militares israelitas entraram em Gaza. Fontes militares adiantam que um comando das forças especiais da Marinha desembarcou na praia de Al-Sudaniya, no Noroeste da Faixa de Gaza, tendo neutralizado um lançador de rockets.

“A missão foi cumprida”, assegurou o Exército na sua conta no Twitter, adiantando que os militares se envolveram numa troca de tiros com grupos armados. “Quatro soldados ficaram ligeiramente feridos e todos regressaram em segurança.” As brigadas Izz din al-Qassan, o braço militar do Hamas, confirmaram os combates, dizendo que os seus homens frustraram uma tentativa dos “soldados da marinha sionista” para penetrar no território, noticia a AFP.

Ao início da manhã deste domingo, aviões israelitas largaram panfletos sobre a cidade de Beit Lahiya, no Norte do território, avisando para a iminência de um ataque aéreo. Os residentes são instruídos a abandonar “imediatamente” as suas casas e a sair da cidade até ao meio-dia. “A operação das Forças de Defesa de Israel será breve”, lê-se nos papéis, mas quem não cumprir as instruções “põe a sua vida e a vida da sua família em risco”.

As sirenes voltaram a ouvir-se, logo de manhã, nas cidades mais a sul de Israel. Foram disparados várias salvas de rockets e um deles atingiu Ashkelon, ferindo um adolescente de 16 anos e um homem de 50 anos, adianta a edição online do diário Yedioth. Há também notícia de um rocket disparado ao início do dia a partir do Sul do Líbano, o segundo incidente do género na última semana.

A escalada acontece à revelia dos apelos internacionais. O Conselho de Segurança das Nações Unidas, numa declaração aprovada por unanimidade no sábado à tarde, pediu “o fim da escalada militar e a restauração da calma”. O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, anunciou entretanto que irá segunda e terça-feira à região para contactos com o Governo israelita e a liderança da Autoridade Palestiniana, sediada na Cisjordânia, num esforço da até agora tímida diplomacia internacional para travar a violência.