"Mineiraço" à lupa: Alemanha isolou o ataque do Brasil e separou os seus laterais
Equipa académica analisou como os jogadores interagiram no Alemanha-Brasil
Na rede de acções do jogo, a Alemanha iniciou o jogo com os defesas e médios próximos entre si (ausência de ligações fortes entre defesas e médios) e à entrada do meio-campo. Esta disposição espoletou na equipa do Brasil muitos passes longos, que terminavam frequentemente nos defesas alemães ou em Neuer que jogou quase como líbero (chegou a sofrer uma falta fora da área). Veja-se a menor precisão dos jogadores brasileiros e o reduzido número de ligações entre os alas e os outros jogadores. As ligações mais fortes do Brasil foram entre o médio Luiz Gustavo e os defesas Dante e David Luiz. Com o golo aos 11' de bola parada (situação já anteriormente usada pela Alemanha e que resultou em golo nos jogos com Portugal e com França), a equipa alemã aumentou a pressão (ver a intensidade de passes), começou a realizar mais ataques rápidos, aproveitando a subida e desorganização dos defesas do Brasil (poucas ligações entre defesas centrais e laterais) e que resultou em quatro golos em sete minutos. De destacar o médio Kroos, que além de ligar muitas vezes com Schweinsteiger na organização do jogo, e ter uma grande precisão nas suas acções, teve também o seu papel na criação e realização de situações de finalização (marcou golo aos 24' e 26' e fez uma assistência para golo).
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Na rede de acções do jogo, a Alemanha iniciou o jogo com os defesas e médios próximos entre si (ausência de ligações fortes entre defesas e médios) e à entrada do meio-campo. Esta disposição espoletou na equipa do Brasil muitos passes longos, que terminavam frequentemente nos defesas alemães ou em Neuer que jogou quase como líbero (chegou a sofrer uma falta fora da área). Veja-se a menor precisão dos jogadores brasileiros e o reduzido número de ligações entre os alas e os outros jogadores. As ligações mais fortes do Brasil foram entre o médio Luiz Gustavo e os defesas Dante e David Luiz. Com o golo aos 11' de bola parada (situação já anteriormente usada pela Alemanha e que resultou em golo nos jogos com Portugal e com França), a equipa alemã aumentou a pressão (ver a intensidade de passes), começou a realizar mais ataques rápidos, aproveitando a subida e desorganização dos defesas do Brasil (poucas ligações entre defesas centrais e laterais) e que resultou em quatro golos em sete minutos. De destacar o médio Kroos, que além de ligar muitas vezes com Schweinsteiger na organização do jogo, e ter uma grande precisão nas suas acções, teve também o seu papel na criação e realização de situações de finalização (marcou golo aos 24' e 26' e fez uma assistência para golo).
Na segunda parte, o Brasil apresentou uma maior intensidade de passes e a Alemanha aproximou os médios dos defesas, situados perto da grande área. Com a entrada d Schurrle (58’), a Alemanha aumentou a intensidade das suas interacções e surgiram dois golos deste jogador (aos 69' e aos 79'). De destacar na rede de acções da Alemanha que, ao contrário da maioria das equipas já analisadas e que apresentaram fortes ligações entre os seus defesas e médios, a Alemanha mostra as ligações mais fortes entre os médios e avançados. Em termos da intensidade dos passes, de salientar que foi maior na equipa do Brasil, no início de ambas as partes do jogo, mas depois a intensidade foi substancialmente superior na equipa da Alemanha.
O Brasil, embora tenha realizado um jogo distinto dos anteriores, manteve a forte ligação entre Luis Gustavo, David Luiz e Dante, bem como a construção do ataque pelos corredores laterais (Marcelo-Hulk e Maicon-Óscar). A Alemanha, por outro lado, mostra muitos padrões estáveis ao longo dos jogos, centrados na ligação entre médios e atacantes, sendo Kroos um jogador central, e destacando as ligações Lahm-Schweinsteiger-Ozil e Lahm-Muller.
A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.
Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)