Pedido de flexibilidade italiano recebido com reticências na UE

Ministro italiano da Finanças diz que países devem ter incentivos para realizar reformas.

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Pier Carlo Padoan, ministro italiano das Finanças Rui Gaudêncio

Na reunião do Ecofin (onde estão representados os ministros das Finanças da União Europeia) em que o ministro Pier Carlo Padoan apresentou as prioridades da presidência italiana para os próximos seis meses, a frieza dos comentários feitos à imprensa sobre a flexibilização das regras pelos ministros alemão, holandês e austríaco mostram as dificuldades que o Governo liderado por Matteo Renzi pode vir a ter em levar por diante uma agenda que aposta em dar mais tempo aos países para reduzirem o défice público, caso apliquem reformas estruturais que promovam o crescimento.

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Na reunião do Ecofin (onde estão representados os ministros das Finanças da União Europeia) em que o ministro Pier Carlo Padoan apresentou as prioridades da presidência italiana para os próximos seis meses, a frieza dos comentários feitos à imprensa sobre a flexibilização das regras pelos ministros alemão, holandês e austríaco mostram as dificuldades que o Governo liderado por Matteo Renzi pode vir a ter em levar por diante uma agenda que aposta em dar mais tempo aos países para reduzirem o défice público, caso apliquem reformas estruturais que promovam o crescimento.

À entrada para a reunião, Pier Carlo Padoan, que se estreou na liderança de uma reunião do Ecofin, explicou os seus objectivos. “A Itália está a fazer reformas e, como presidente, o meu objectivo é ajudar todos os países a terem incentivos para realizarem reformas”, disse.

A resposta do ministro alemão das Finanças não se fez esperar. “A atenção dada ao crescimento e às reformas é correcta e apoiamo-la totalmente, mas as reformas não devem ser usadas como desculpa para evitar uma consolidação das contas públicas”, afirmou Wolfgang Schäuble.

Na mesma linha, o ministro holandês das Finanças e também presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, recusou a ideia de se dar algum tipo de flexibilidade especial à Itália, defendendo que o que é preciso é a Itália começar a apresentar melhores resultados. “A competitividade tem de melhorar e o crescimento económico tem de aumentar e, por isso, há ainda muito trabalho por fazer na Itália”, afirmou.

Ainda mais claro a recusar a ideia de mais flexibilidade esteve o representante austríaco na reunião. “No quadro das actuais regras, já existe flexibilidade suficiente, portanto não deve haver um enfraquecimento das regras”, defendeu.

Pier Carlo Padoan fez ainda questão de, junto dos jornalistas, recusar a ideia de que existe actualmente um confronto entre Itália e Alemanha sobre o rumo a tomar na política económica europeia, parecendo mesmo em algumas ocasiões recuar face às posições anteriormente tomadas pelos responsáveis políticos italianos. Padoan garantiu que não existem diferenças de opinião entre Renzi e Merkel nem entre ele e Schäuble e afirmou, em relação ao tratado orçamental que “não se deve mudar as regras, mas sim usar da melhor forma o espaço de manobra que elas dão”.