Despedimentos na Controlinveste são "ataque" aos cidadãos

Foto
O Diário de Notícias é um dos principais títulos do grupo de Joaquim Oliveira Pedro Valente/Arquivo

Há quase um mês, a administração do grupo Controlinveste revelou a sua intenção de despedir 140 trabalhadores, entre os quis 64 jornalistas, e de negociar a saída de outros 20. Argumentou com a "evolução negativa do mercado do mercado dos media, tanto em Portugal como na Europa, e a acentuada quebra de receitas do sector".

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Há quase um mês, a administração do grupo Controlinveste revelou a sua intenção de despedir 140 trabalhadores, entre os quis 64 jornalistas, e de negociar a saída de outros 20. Argumentou com a "evolução negativa do mercado do mercado dos media, tanto em Portugal como na Europa, e a acentuada quebra de receitas do sector".

Dos plenários de trabalhadores resultou a petição “Pela liberdade e pela democracia”. Nela se sustenta que a democracia se faz “com uma comunicação social livre” e que a liberdade se constrói “com uma comunicação social plural”, pelo que “não é possível aceitar de braços cruzados que a Controlinveste desfira mais um golpe” no sector.

No Porto, Alfredo Maia, jornalista do JN, presidente do Sindicato de Jornalistas, usou a palavra “ataque”. Vê neste despedimento colectivo um "ataque não só às pessoas abrangidas, mas também aos cidadãos”, já que “fica enfraquecida” a capacidade de informar.

O efeito no pluralismo parece-lhe inegável. JN e DN partilharão ainda mais conteúdos. Em ambos ficou reduzida a secção País. A Política levou um valente corte, sobretudo no JN, e a Cultura, mais no DN. Ficam no osso o JN em Lisboa e o DN no Porto. Os despedimentos também afectam as delegações. “Os cidadãos terão nas montras dois títulos, dois cabeçalhos, mas em boa parte terão o mesmo conteúdo” ,lamenta.

“Quanto menos jornalistas houver a observar a realidade, a interpretar a realidade, a contar a realidade, menor a possibilidade dos jornais fornecerem aos cidadãos a informação de que necessitam para tomar decisões”, comentou. O que está em causa, sublinhou, é a qualidade da democracia.