A vingança mundial

Estou com um grande temor pós-colonial. No Brasil, as equipas do Novo Mundo, que os impérios português, espanhol e britânico mais pilharam, estão a beber taças de vingança inteligentemente geladas.

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Estou com um grande temor pós-colonial. No Brasil, as equipas do Novo Mundo, que os impérios português, espanhol e britânico mais pilharam, estão a beber taças de vingança inteligentemente geladas.

O Chile despachou a Espanha. O Uruguai despachou a Inglaterra. Se tudo continuar a correr com o vento vingativo da mesma feição serão os Estados Unidos da América a despachar Portugal.

Enquanto isso não acontece, divirta-se a ver Gary Lineker, o grande perito da BBC, "quietly confident", a achar que a Inglaterra nada tem a temer do Uruguai porque Luis Suárez já não joga há muito tempo, sofreu uma operação e "não se pode dizer que esteja cem por cento em forma".

Procure "BBC Gary Lineker England's future is bright" e divirta-se a ver o comentador mais bem pago da BBC a enterrar-se mais uma vez. Note-se que a Inglaterra ainda pode ser apurada, caso vença a Costa Rica e a Itália ganhe ao Uruguai, por certos números de golos cujas quantidades me escapam - mas nas quais acredito.

É bom ir ver os jornais das equipas que perdem. Os espanhóis são, de longe, os mais dramáticos. Os ingleses são tão justos e inteligentes - às vezes excessivamente críticos - que apetece consolá-los.

Como somos nós os portugueses? Poucos mas pessimistas.