Aires Mateus ganha projecto para Mesquita em Bordéus

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A ambição de construir um espaço contínuo e em que a ideia de unidade entre a religião e o quotidiano são centrais fez do projecto do arquitecto Manuel Aires Mateus o escolhido em concurso pela Fédération Musulmane de la Gironde. Neste concurso, em que os candidatos entraram por convite, chegaram à fase final, para além do atelier Aires Mateus, quatro franceses: o atelier de arquitectos Poly Rythmic Architecure, que tinha já desenhado uma mesquita na Arábia Saudita, o atelier Lion Associés, que organizou a área urbana junto à Grande Mesquita, em Meca, o atelier Marjan Hessamfar-Joe Verons Architectes, de Bordéus, e o arquitecto Éric Lapierre.

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A ambição de construir um espaço contínuo e em que a ideia de unidade entre a religião e o quotidiano são centrais fez do projecto do arquitecto Manuel Aires Mateus o escolhido em concurso pela Fédération Musulmane de la Gironde. Neste concurso, em que os candidatos entraram por convite, chegaram à fase final, para além do atelier Aires Mateus, quatro franceses: o atelier de arquitectos Poly Rythmic Architecure, que tinha já desenhado uma mesquita na Arábia Saudita, o atelier Lion Associés, que organizou a área urbana junto à Grande Mesquita, em Meca, o atelier Marjan Hessamfar-Joe Verons Architectes, de Bordéus, e o arquitecto Éric Lapierre.

A obra com o valor de 24 milhões e meio de euros e com quase 12 mil metros quadrados centra-se no culto e na cultura muçulmana, em que o lado religioso de cada indivíduo se estende à sua vida quotidiana. Foi esta ideia de continuidade e unidade da vida religiosa com a vida social que o atelier procurou neste projecto que vai ser erguido de raíz junto ao rio Garona, na zona nova de Bordéus, em França.

“Para este projecto procurámos um espaço absoluto, uma topografia contínua, uma arquitectura onde tudo está ligado: os diferentes usos [do edifício], os percursos que os relacionam, a luz filtrada que os caracteriza. Um todo sem partes”, lê-se na nota explicativa que acompanha o projecto.

Para a concretização física deste conceito, há um andar térreo de ligação à cidade com lojas e cafetarias – o lado social – e um outro superior onde estão as funções culturais – salas de aula. Entre estes dois, há um espaço aberto, revestido a vidro dedicado ao culto: duas salas, uma com 350 lugares para uso diário, e outra com 4 mil, para uso semanal. “Esse espaço é o grande vazio, em continuidade com o mundo, em que a luz exterior que se prolonga é um espaço para a religião sem fronteiras”, explica Aires Mateus ao PÚBLICO, acrescentando que o “culto é este lugar que está entre o céu e a terra, que o une e que nos interessa”.

O piso térreo quer ser ainda um lugar de ligação da comunidade muçulmana com a comunidade de Bordéus: este espaço é perfurado para que se possa circular por ele sem se seja um objecto fechado, perturbador da circulação na cidade.

 “É mais estimulante por ser um espaço religioso, em que o que interessa é a espiritualidade e transcendência”, disse o arquitecto Manuel Aires de Mateus a propósito do primeiro projecto do atelier Aires Mateus para um espaço religioso. Apesar desta novidade, como nos anteriores trabalhos deste atelier, a centralidade do projecto volta a estar numa ideia de espaço.

Em Março, o atelier Aires Mateus venceu também em concurso o projecto da Faculdade de Arquitectura de Tournai, na Bélgica, e em 2012, foram os escolhidos para recuperar a antiga escola de Belas-Artes e lhe adicionar um novo volume contemporâneo, de forma a criar um centro cultural em Tours, em França.