Atelier Aires Mateus cria centro cultural em Tours com grande nave

O atelier português dos arquitectos Aires Mateus ganhou o concurso para a construção do Centro de Criação Contemporânea, em Tours, dedicado ao pintor abstraccionista francês Olivier Debré.

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Imagem 3D onde se vê a relação entre os dois edifícios Aires Mateus
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Maqueta 3D do projecto Aires Mateus
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Imagem 3D do conjunto Aires Mateus

A obra do Centro de Criação Contemporânea, em Tours (França), diz Manuel Aires Mateus, ao telefone a partir de França, tem um valor de nove milhões de euros e articula a recuperação de um edifício já existente, dos anos 50 do século passado, com a construção de um volume contemporâneo, no centro histórico de Tours.

Os arquitectos Manuel e Francisco Aires Mateus foram escolhidos num concurso que começou por ter cerca de 110 candidaturas, tendo passado à segunda fase quatro ateliers (dois franceses e um espanhol). O projecto português foi apresentado à imprensa francesa na segunda-feira à tarde.

"O projecto recupera uma antiga escola de Belas-Artes, onde fazemos um enorme vazio, uma nave central com 30 metros de comprimento, doze metros de largura e outros doze de altura. E destacamos esse edifício, que fica arquetipal", explica Manuel Aires Mateus. Depois, há um novo edifício, que aproveita parte da estrutura e a implantação de um corpo anterior, que também era parte do complexo da escola de Belas-Artes. Como explicam os arquitectos no comunicado de imprensa: "Trata-se de isolar dois volumes, dois elementos que pertencem a épocas e destinos diferentes. O novo volume encontra-se justaposto, opondo-se pela ausência de escala e de temporalidade." Os dois edifícios são feitos na mesma pedra.

Manuel Aires Mateus diz que o contacto entre os dois edifícios é feito através de uma transparência, em vidro, um corredor luminoso. Porque a ideia de transparência é importante num edifício que funciona 365 dias por ano, 24 horas por dia, e que está integrado numa zona da cidade em recuperação.

Essa transparência, de facto, prolonga-se por debaixo do edifício novo, desmaterializando o piso térreo e fazendo parecer, de certa maneira, que este flutua. Neste rés-do-chão, há uma sala de exposições mais tradicional que contrasta com a grande nave do edifício histórico.

Em cima, há um espaço de exposição cúbico, que é o espaço Olivier Debré, com luz zenital. É na espessura destas paredes, uma das constantes do trabalho dos Aires Mateus, que estão novos espaços, com galerias de apoio, e onde se controla a luz do espaço cúbico principal. O que o projecto quis criar foram três tipologias de espaços, porque o centro não é só um centro cultural mas de produção de arte.

Este é o segundo projecto do atelier em França, uma vez que os irmãos Aires Mateus ganharam no Verão outro concurso para fazer uma torre de habitação em Paris.

Em declarações agência Lusa, em Paris, durante a apresentação à imprensa francesa, Manuel e Francisco Aires Mateus consideraram que este é um projecto "muito importante, enorme, sob todos os pontos de vista" e "muito interessante". Este é um projecto "determinante para a cidade", em torno do qual "todas as organizações do poder político e cultural de Tours se unem".

"O melhor que nos pode acontecer é ter parceiros que estão verdadeiramente interessados em desenvolver connosco um projecto, e capacitados para fazê-lo. Trabalhar com a memória de alguém é extremamente difícil, não especialmente para a arquitectura, mas para todos os agentes envolvidos", disse ainda à Lusa Francisco Aires Mateus.

O novo Centro de Criação Contemporâneo Olivier Debré, um dos primeiros de arte contemporânea criados em França no início dos anos 80, deverá ser inaugurado em 2015.
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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