Porto candidata a fundos comunitários grande projecto de animação no Centro Histórico

Candidatura tem um valor elegível de 1,2 milhões de euros e inclui grandes criações artísticas, residências, e pequenos projectos que valorizem o património material e imaterial do Centro Histórico.

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O projecto Manobras no Porto animou o centro histórico da cidade no Outono de 2011 e de 2012 Paulo Pimenta

Entre grandes criações artísticas, pequenos projectos, residências criativas e “grandes acções de envolvimento da população”, a ambição de fazer mexer esta parte da cidade é grande. A iniciativa ainda não tem todos os seus contornos definidos, mas as linhas gerais vão ser apresentadas amanhã na reunião de Câmara, que votará a aprovação da despesa plurianual a realizar pela Porto Lazer. É um trâmite burocrático necessário, neste processo que ainda está nas mãos da equipa de gestão do programa regional, cuja decisão deve ser conhecida brevemente.

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Entre grandes criações artísticas, pequenos projectos, residências criativas e “grandes acções de envolvimento da população”, a ambição de fazer mexer esta parte da cidade é grande. A iniciativa ainda não tem todos os seus contornos definidos, mas as linhas gerais vão ser apresentadas amanhã na reunião de Câmara, que votará a aprovação da despesa plurianual a realizar pela Porto Lazer. É um trâmite burocrático necessário, neste processo que ainda está nas mãos da equipa de gestão do programa regional, cuja decisão deve ser conhecida brevemente.

Se conseguir as verbas propostas na candidatura, a Porto Lazer pretende dispender 483 mil euros em “Grandes Criações”, definidas como os projectos-âncora deste programa que começará ainda em 2014 e se prolongará pelo ano de 2015, até ao fecho de contas do actual quadro comunitário. Na memória descritiva, a empresa municipal explica que estas criações – exposições, concertos, recriações, e outros eventos mediatizáveis – “devem ser concebidas com o objectivo de atracção de novos públicos, através de novos conteúdos desenhados especialmente para o território do Centro Histórico”. O objectivo é “contribuir para a descoberta do valor patrimonial” desta área da cidade, “dinamizando espaços e percursos menos conhecidos do grande público”, lê-se.

A autarquia pretende também pôr alguns espaços de grande valor patrimonial e outros, pelo contrário, devolutos ou subutilizados, à disposição de artistas que neles queiram desenvolver as suas criações. Estas residências têm um orçamento previsto de 72 mil euros, devem perdurar, pelo menos, um mês e envolver a população residente. Por outro lado, vão ser feitos convites públicos à apresentação de pequenos projectos de valorização artística, social, turística e cultural do centro histórico do Porto, principalmente nos seus aspectos mais simbólicos e imateriais. Para esta vertente, o orçamento apontado é de 150 mil euros. Um pouco mais do que os 149 mil euros previstos para a contratação de três técnicos para apoio operacional à execução de todo o projecto.

Bem maior, 290 mil euros, é a fatia reservada para as chamadas “Grandes acções de envolvimento, activação e promoção”, com as quais a Porto Lazer pretende “divulgar e promover” o património da área em causa, “com enfoque no Morro da Sé e Eixo Mouzinho/Flores”, criando uma notoriedade que o posicione como “território atractivo para a produção de conteúdos criativos”. Os restantes 77 mil euros previstos nesta candidatura seriam para avaliação e monitorização dos eventos e para a promoção de acções de voluntariado, para apoio às várias acções previstas.

“A arquitectura do Centro Histórico do Porto já é tida pelos turistas como o ponto mais atractivo da cidade. A oferta de um programa cultural excepcional, assente na nova criação e fortemente entrosado com a expressão cultural das comunidades residentes, poderá ser um excelente indutor para o aumento desta procura, em termos quantitativos e qualitativos, ao mesmo tempo que compromete os habitantes do território na sua salvaguarda e valorização”, defende a maioria liderada por Rui Moreira, na proposta que vai esta terça-feira à reunião de câmara.

O herdeiro do Manobras
Este projecto que a Porto Lazer apresentou ao Programa Operacional Regional segue, com maior ambição e prolongamento no tempo, a filosofia do Manobras. Em dois períodos curtos de 2011 e 2012 este projecto apoiou inúmeras iniciativas de animação e valorização do Centro Histórico do Porto, tendo terminado, em Outubro de 2012, com o afundamento, no mar, de uma barca em cujo interior foram guardadas, e seladas, recordações da cidade naquele ano.

A bARCA da Memória vai ser aberta daqui a 98 anos (porque dois já passaram, ou quase, entretanto). Lá dentro seguiram cartas, muitas cartas, mas também CD, fotografias, sameiras, porta-chaves, tesouras e até as estatísticas criminais do Porto do ano anterior, entregues pelo Comando Metropolitano da PSP. O projecto, difícil de concretizar por problemas no afundamento da barca, foi imaginado por José Carretas e posto em prática, na altura, pela associação cultural Panmixia.