Passos Coelho nega “qualquer convite”, ou sondagem, a Jorge Silva Carvalho

Em resposta à deputada Cecília Honório, do Bloco de Esquerda, o primeiro-ministro desmente as afirmações do espião e ex-líder do SIED.

Foto
Jorge Silva Carvalho está acusado, entre outros, do crime de violação do segredo de Estado Rui Gaudêncio

“Normalmente não falo de convites porque têm de ser as pessoas que fazem os convites a falar deles. Mas uma vez surgiu um convite que me espantou. Já tinha havido eleições, estava-se na fase de constituição do governo. Fui consultado por um dos assessores principais de Pedro Passos Coelho, que me perguntou se aceitaria ser secretário-geral do SIRP. Eu recusei, ele insistiu, eu entendi que depois de recusar uma primeira vez não podia fazê-lo uma segunda. Disse que aceitava ponderar o regresso se houvesse um convite formal do primeiro-ministro (...), foi um período muito curto de duas semanas, em que houve vários contactos com esse assessor, com outros elementos do gabinete e com pessoas da esfera do Governo a constituir, para quem a minha ida já era um acto consumado.” Foram estas as declarações que motivaram Cecília Honório, deputada do BE, a inquirir o primeiro-ministro. Nestes termos: “O senhor primeiro-ministro tem conhecimento do mencionado convite? Foi o mesmo efectuado por sua indicação? Está o senhor primeiro-ministro em condições de esclarecer a autoria e a data do convite dirigido ao dr. Silva Carvalho?”

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Normalmente não falo de convites porque têm de ser as pessoas que fazem os convites a falar deles. Mas uma vez surgiu um convite que me espantou. Já tinha havido eleições, estava-se na fase de constituição do governo. Fui consultado por um dos assessores principais de Pedro Passos Coelho, que me perguntou se aceitaria ser secretário-geral do SIRP. Eu recusei, ele insistiu, eu entendi que depois de recusar uma primeira vez não podia fazê-lo uma segunda. Disse que aceitava ponderar o regresso se houvesse um convite formal do primeiro-ministro (...), foi um período muito curto de duas semanas, em que houve vários contactos com esse assessor, com outros elementos do gabinete e com pessoas da esfera do Governo a constituir, para quem a minha ida já era um acto consumado.” Foram estas as declarações que motivaram Cecília Honório, deputada do BE, a inquirir o primeiro-ministro. Nestes termos: “O senhor primeiro-ministro tem conhecimento do mencionado convite? Foi o mesmo efectuado por sua indicação? Está o senhor primeiro-ministro em condições de esclarecer a autoria e a data do convite dirigido ao dr. Silva Carvalho?”

A resposta chegou, assinada pelo chefe de gabinete de Passos Coelho, Francisco Ribeiro de Menezes. E desmente a versão avançada por Jorge Silva Carvalho: “O primeiro-ministro não fez qualquer convite, nem em momento algum deu instruções no sentido de convidar, ou sequer sondar, quem quer que fosse para o cargo de secretário-geral do SIRP.”

O gabinete do primeiro-ministro sublinha, aliás, que Passos Coelho “não procedeu à substituição da direcção do SIRP, manifestando publicamente a sua confiança no seu secretário-geral, dr. Júlio Pereira”.

Pedro Passos Coelho foi eleito no dia 5 de Junho de 2011 e as primeiras notícias que denunciavam a actuação suspeita de Jorge Silva Carvalho surgiram, no Expresso, a 16 de Julho. Nas semanas seguintes, Jorge Silva Carvalho foi envolvido num escândalo que resultou numa acusação judicial em que é suspeito de ter praticado crimes de corrupção passiva, violação do segredo de Estado, abuso de poder e acesso indevido a dados pessoais. Na entrevista à Sábado, o ex-espião não concretiza a data do convite.  

Mais tarde, já em 2012, a sua relação próxima com o braço-direito de Passos Coelho, Miguel Relvas, foi conhecida e motivou várias audições no Parlamento do ex-ministro que, por mais de uma vez, se enredou em contradições e omissões perante os deputados. Depois de buscas do Ministério Público, foram apreendidas agendas, telemóveis e computadores pessoais de Silva Carvalho que provavam os seus contactos pessoais, e profissionais, com o ex-ministro adjunto.

A ligação de Jorge Silva Carvalho à maçonaria e a sua polémica contratação pela Ongoing estiveram, também, na base das recentes alterações, aprovadas na generalidade pelo Parlamento, às regras do segredo de Estado e da lei orgânica dos serviços de informações.