Daniel Barenboim cria editora discográfica digital em parceria com a Universal

No iTunes já se podem ouvir as três primeiras sinfonias de Anton Bruckner (1824-1896), gravadas por Barenboim com a orquestra Staatskapelle Berlin, da qual é director.

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Daniel Barenboim conduziu a orquestra num concerto esgotado há semanas KARINA KNAPEK/AFP

Há muito tempo que o mercado digital tem vindo a ganhar terreno sobre o tradicional. Cada vez são mais as compras online, do que aquelas feitas em loja e, no que à música diz respeito, há muito tempo que o mercado digital é a escolha. São cada vez mais os artistas que editam os seus trabalhos em plataformas digitais, deixando as lojas tradicionais para segundo plano. Neste cenário, a música clássica não pode ser excepção.

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Há muito tempo que o mercado digital tem vindo a ganhar terreno sobre o tradicional. Cada vez são mais as compras online, do que aquelas feitas em loja e, no que à música diz respeito, há muito tempo que o mercado digital é a escolha. São cada vez mais os artistas que editam os seus trabalhos em plataformas digitais, deixando as lojas tradicionais para segundo plano. Neste cenário, a música clássica não pode ser excepção.

Foi por isso que Daniel Barenboim, um dos maestros mais aclamados da actualidade, decidiu avançar com a Peral Music. “O futuro vai ser digital e deverá melhorar a qualidade”, defendeu Barenboim, nascido na Argentina, filho de judeus de origem russa e que tem nacionalidade israelita e espanhola e é ainda cidadão honorário palestiniano.  “Eu quero tentar e olhar para o futuro, inserir-me na mentalidade do mundo digital”, continuou o maestro, citado pelo jornal espanhol ABC.

Numa parceria com a gigante Universal, todas as gravações da Peral Music estarão disponíveis apenas no iTunes e em alta qualidade. Para começar, Barenboim pegou na orquestra que dirige em Berlim, mas é seu objectivo gravar também peças suas como pianista. E, claro, não faltarão gravações com o seu projecto mais querido: a West-Eastern Divan Orchestra. Ou, como muitos lhe chamam, a "Orquestra da Paz", criada por Barenboim em 1999 com o intelectual palestiniano Edward Saïd (1935-2003) e que no mesmo palco junta jovens músicos do Médio Oriente, entre os quais palestinianos e israelitas.

Na apresentação que fez em Berlim, Barenboim explicou que não vê a editora como um negócio, mas sim como um projecto de edução. “Não é um assunto de ego, nem um negócio, é sim educação: chegar a novos ouvidos é educar neste raro e fascinante fenómeno que é a música clássica”, disse o maestro, defendendo que é preciso existir uma maior educação na música, sendo a tecnologia uma forte ferramenta para chegar aos mais novos.

Daniel Barenboim não deixará, no entanto, de gravar com as editoras com quem tem trabalhado ao longo dos últimos anos, também elas com o selo da Universal: a Deutsche Grammophon e a Decca.