Presidente ucraniano promete amnistia se manifestantes desocuparem edifícios

Kiev tenta apesar da retórica evitar recurso à força para resolver situação em Donetsk e Lugansk.

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Manifestantes pró-russos reforçam barricadas em volta do edifício ocupada dos serviços de segurança ucranianos em Lugansk Genya Savilov/AFP

A garantia, deixada no Parlamento, é um novo sinal que, apesar da retórica, o novo poder em Kiev deseja a todo o custo evitar um recurso à força que poderia inflamar os protestos nas regiões do Sul e Leste do país, onde a maioria da população fala russo e onde a economia e está muito dependente das relações comerciais com o país vizinho.

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A garantia, deixada no Parlamento, é um novo sinal que, apesar da retórica, o novo poder em Kiev deseja a todo o custo evitar um recurso à força que poderia inflamar os protestos nas regiões do Sul e Leste do país, onde a maioria da população fala russo e onde a economia e está muito dependente das relações comerciais com o país vizinho.

“Se as pessoas entregarem as armas e libertarem os edifícios administrativos garantimos que ninguém será acusado”, afirmou Oleksander Turchinov, em resposta a um deputado do Partido das Regiões – a formação do ex-Presidente Viktor Ianukovich – que tinha proposto a aprovação de uma lei de amnistia. “Não há necessidade de uma lei. Podemos resolver o problema hoje mesmo”, disse Turchinov, garantindo “estar pronto a assinar um decreto presidencial” dando imunidade aos manifestantes.

Enviado a Donetsk, onde dezenas de pessoas ocuparam domingo a sede do Governo Regional proclamando a cidade uma “república libertada”, o vice-primeiro-ministro Vitali Iarema declarou-se esperançado de que será possível resolver o impasse sem violência durante o dia de hoje, quinta-feira. “Estamos a chegar a um consenso”.

Palavras que contrastaram com o ultimato, feito horas antes, pelo ministro do Interior. Arsen Avakov deu 48 horas aos manifestantes para desocuparem os edifícios em Donetsk e em Lugansk, onde dezenas de activistas, muitos armados, entraram num edifício dos serviços de segurança ucranianos. “Para quem quer dialogar haverá uma solução política, mas aqueles que querem guerra vão ter uma resposta forte”, avisou.

Ao mesmo tempo que rejeita as acusações de que está a instigar os protestos no Leste da Ucrânia, a Rússia tem lançado sucessivos avisos a Kiev, alertando que o uso da força contra os manifestantes pode desencadear uma guerra civil no país. Um conselho reforçado pelo Presidente Vladimir Putin que, quarta-feira à noite, avisou que as “autoridades interinas” da Ucrânia “não devem cometer nada de irreparável”.