Rússia pressiona Ucrânia com facturas de gás em atraso

Um dia depois de Putin receber Ianukovich, ministro russo diz que nova tranche da ajuda prometida em Dezembro está dependente do pagamento das contas de gás relativas a 2012.

Foto
Ianukovich encontrou-se com Putin em Sochi Alexei Nikolsky/RIA Novosti/Reuters

Esta não é a primeira vez que Moscovo usa o gás como instrumento para garantir a fidelidade da Ucrânia, que depende quase integralmente das importações russas – uma arma que se torna mais eficaz num momento em que a crise política agrava a já a difícil situação económica do país.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Esta não é a primeira vez que Moscovo usa o gás como instrumento para garantir a fidelidade da Ucrânia, que depende quase integralmente das importações russas – uma arma que se torna mais eficaz num momento em que a crise política agrava a já a difícil situação económica do país.

Em Dezembro, o Presidente russo, Vladimir Putin, selou a reaproximação entre os dois países, anunciando a redução do preço do gás natural vendido a Kiev e a compra de 15 mil milhões de dólares em títulos da dívida ucraniana. Um acordo que, além de um balão de oxigénio à economia ucraniana, ajudou o Presidente Viktor Ianukovich a atenuar os protestos contra a sua decisão de não assinar o acordo de associação com a União Europeia, que previa montantes bem mais modestos.

Mas a contestação reacendeu-se em Janeiro, com a morte de apoiantes da oposição, e forçando o Presidente ucraniano a fazer cedências à oposição e levando à demissão do Governo, sem que tenha sido ainda decidido um sucessor.

Moscovo tem dados sinais crescentes de impaciência – um assessor do Kremlin disse nesta quinta-feira que Ianukovich deveria “passar à acção” para pôr fim aos protestos – e anunciou que iria esperar por uma clarificação da situação política em Kiev antes de desbloquear mais fundos (até ao momento foram entregues apenas três mil milhões de dólares).

O assunto terá estado em cima da mesa no encontro entre Putin e Ianukovich, sexta-feira, à margem da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, do qual não foram adiantados quaisquer pormenores. Mas já neste sábado, o ministro das Finanças russo assegurou que o Kremlin “está à espera que a Ucrânia regularize a sua factura de gás, um montante que é elevado” para dar continuidade à ajuda.

As agências adiantam que, em atraso, estão os pagamentos relativos aos 12 meses de 2013, que deveriam ter sido pagos até ao final do mês passado, e a factura de Janeiro, num montante que rondará os três mil milhões de dólares. “Vamos cumprir o que prometemos à Ucrânia, mas gostaríamos que o lado ucraniano também cumprisse as suas obrigações”, disse Anton Siluanov, acrescentando que Moscovo tem dificuldade em perceber quem são os seus interlocutores em Kiev.