EUA querem Europa mais musculada e apelam ao "renascimento das relações transatlânticas"

Secretário de Estado norte-americano diz que países europeus devem assumir a liderança conjunta com os Estados Unidos para "enfrentar os desafios da actualidade".

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John Kerry negou que Washington esteja a reduzir o seu envolvimento internacional CHRISTOF STACHE/AFP

Numa rara intervenção conjunta no estrangeiro, os secretários de Estado e da Defesa norte-americanos, John Kerry e Chuck Hegel, disseram aos líderes europeus que tudo será mais fácil se os dois lados do Atlântico unirem esforços.

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Numa rara intervenção conjunta no estrangeiro, os secretários de Estado e da Defesa norte-americanos, John Kerry e Chuck Hegel, disseram aos líderes europeus que tudo será mais fácil se os dois lados do Atlântico unirem esforços.

"Para que possamos enfrentar os desafios da actualidade, tanto os mais próximos como os mais distantes, a América precisa de uma Europa forte, e a Europa precisa de uma América empenhada", disse John Kerry.

"Isso significa que virar-nos para dentro não é uma opção para nenhum de nós. Quando assumirmos a liderança em conjunto, outros se juntarão a nós. Mas quando não o fazemos, o facto é que poucos estão preparados ou com vontade de assumir a liderança", sublinhou o secretário de Estado norte-americano na conferência anual que está a decorrer em Munique.

O discurso de Washington foi recebido com alguma desconfiança pelo anfitrião da conferência e antigo embaixador alemão nos EUA, Wolfgang Ischinger, e pelo director do semanário alemão Die Zeit, Josef Joffe. Estaria John Kerry a preparar o mundo para um "ciclo de retirada" dos assuntos internacionais decretado pela Administração Obama?

A resposta foi clara: "Esta narrativa, que tem sido repetida por pessoas que têm interesse em dizer que os Estados Unidos têm um alinhamento diferente, é completamente errada. Dêem-me um exemplo. Não consigo pensar num sítio de onde estejamos a retirar-nos."

Coube ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, transmitir a posição do outro lado do Atlântico sobre o envolvimento em crises internacionais. "Não há dúvida de que preferimos as soluções diplomáticas, mas os nossos países estão prontos a recorrer à força militar se for necessário. Em relação à Defesa, sabemos que devemos fazer mais com menos", disse, citando o exemplo das recentes intervenções francesas no Mali e na República Centro-Africana.