UE precisa investir 38 mil milhões por ano para baixar emissões de CO2

Investimentos para pôr em prática o novo pacote clima-energia custarão caro mas reduzirão ónus dos combustíveis e da poluição.

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Evolução das renováveis será acompanhada a partir de planos nacionais Reuters

O peso do custo da energia no PIB vai crescer de 12,8% para 14%, mas o dinheiro será gasto mais em equipamentos e infra-estruturas e menos em combustíveis, segundo previsões da Comissão Europeia.

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O peso do custo da energia no PIB vai crescer de 12,8% para 14%, mas o dinheiro será gasto mais em equipamentos e infra-estruturas e menos em combustíveis, segundo previsões da Comissão Europeia.

O novo pacote clima-energia preconiza a redução de 40% nas emissões de gases com efeito de estufa até 2030, em relação aos níveis de 1990, e pelo menos 27% de renováveis no consumo final de energia.

A factura adicional para adaptar o sistema energético equivalerá a 0,15% do PIB. O custo estará, no entanto, próximo daquele que a UE teria de qualquer forma, dada a necessidade de renovar o seu envelhecido parque energético. “Os valores não são muito superiores do que se continuássemos a apostar nos combustíveis fósseis”, disse Paula Abreu Marques, chefe de unidade na Direcção-Geral de Energia da Comissão Europeia, num encontro esta segunda-feira com jornalistas, em Lisboa.

Os investimentos adicionais serão em parte compensados com os potenciais benefícios de uma economia mais descarbonizada. Bruxelas estima que será possível poupar 18 mil milhões de euros por ano em combustíveis e entre sete a 13 mil milhões em custos evitados da poluição do ar sobre a saúde.

“O estímulo dos investimentos ao nível do da inovação, do emprego e do crescimento também serão um benefício”, acrescentou Humberto Rosa, director da Direcção-Geral de Clima da Comissão Europeia e ex-secretário de Estado do Ambiente.

Apesar da meta europeia dos 27% de renováveis, a Comissão não quer impor objectivos individuais vinculativos a cada país, dando-lhes flexibilidade para reduzir emissões da forma como desejarem. “Haverá países que quererão mais eficiência energética do que renováveis, por exemplo”, afirmou Paula Marques.

A ausência de metas legalmente obrigatórias para os Estados-membros nas renováveis é uma das principais críticas que têm sido feitas à proposta de nova política climática europeia.

“Eu pessoalmente gosto de metas vinculativas. Mas esta meta [27%] é vinculativa para toda a União Europeia”, completou Humberto Rosa. Segundo o director europeu, o cumprimento de metas como as que já existem até 2020, comprometendo cada país individualmente, só é verificado no final do prazo. Agora, o acompanhamento será feito ao longo do tempo, de acordo com planos energéticos que os Estados-membros terão de elaborar. Se se afastarem dos seus próprios planos, a Comissão Europeia entrará em acção, se necessário com medidas adicionais.

Segundo Paula Abreu, Portugal é um dos países que ainda não tem como garantido o cumprimento da sua meta para 2020. “Portugal encontra-se na trajectória, mas são necessários investimentos importantes para chegar aos 31% de renováveis”, disse. Actualmente, o país está nos 25%.