Tailândia decreta estado de emergência por 60 dias para travar contestação

Protestos duram há três meses e ameaçam desestabilizar a segunda maior economia do Sudeste Asiático

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A oposição diz que vai continuar na rua Damir Sagolj/Reuters

As autoridades tailandesas só vão divulgar os detalhes das medidas de segurança na quarta-feira, quando o estado de emergênciaentrar em vigor. Por norma, os decretos de emergência conferem às forças de segurança poder para deter suspeitos sem acusação formada, censurar os média, proibir reuniões políticas com mais de cinco pessoas e isolar partes da capital.

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As autoridades tailandesas só vão divulgar os detalhes das medidas de segurança na quarta-feira, quando o estado de emergênciaentrar em vigor. Por norma, os decretos de emergência conferem às forças de segurança poder para deter suspeitos sem acusação formada, censurar os média, proibir reuniões políticas com mais de cinco pessoas e isolar partes da capital.

“Precisamos destas medidas porque os manifestantes forçaram o encerramento de vários edifícios do governo e bancos. O governo tailandês vê a necessidade de anunciar o estado de emergência para manter a situação sob controlo”, disse o ministro do Trabalho Chalerm Yoobamrung, às televisões nacionais numa conferência de imprensa.

O objectivo declarado pelo governo é fazer cumprir as leis em relação aos protestos e movimentos dos manifestantes bem como conter “a propagação de informação distorcida que incita aos caos e à divisão afectando a segurança do país”, explicou o vice primeiro-ministro, Surapong Tovichakchaikul.

A onda de violência por parte dos manifestantes resultou em nove pessoas mortas e dezenas de feridos nos confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Os protestos começaram no passado mês de Novembro

O líder dos protestos e uma das principais figuras da oposição, Suthep Thaugsuban respondeu ao anúncio do governo afirmando que os manifestantes iriam desafiar o decreto e continuar nas ruas. “Eles vão proibir-nos de andar mas nós continuaremos. Eles vão proibir o nosso discurso mas nós iremos falar o dia todo. E se eles usarem a força, nós iremos rezar e lutar contra eles”, afirmou Suthep.

A Tailândia atravessa uma crise política há três meses, com a contestação inicial a ter como alvo uma proposta de amnistia que beneficiaria o antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra – que foi deposto num golpe militar em 2006.  Embora a proposta tenha sido rejeitada, a contestação acabou por transformar-se num movimento alargado contra o governo da sua irmã, Yingluck Shinawatra.

A primeira-ministra rejeitou todos os apelos à demissão, mas numa concessão aos manifestantes convocou eleições legislativas antecipadas para 2 de Fevereiro. No entanto, a antecipação das eleições não correspondeu às exigências dos líderes da oposição, que reclamam a substituição do Governo por um “conselho popular” que ficaria encarregue da revisão da lei eleitoral e outras reformas no funcionamento do sistema político.

Yingluck Shinawatra e o governo, enfrentam a pressão de uma mobilização popular que não dá sinais de enfraquecer e tem levado às ruas de Banguecoque mais de 150 mil pessoas quase diariamente.

Os protestos além de afectarem a segurança e o bem-estar começam a destabilizar a segunda maior economia do Sudeste Asiático.