FMI revê previsões em alta, mas avisa que ainda há riscos na zona euro

Projecção para a zona euro em 2014 passa de 0,9% para 1%. Mas o FMI diz que crescimento é desigual e que ainda há a ameaça da deflação.

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Numa actualização das suas previsões de crescimento publicada esta terça-feira, o FMI aponta agora para uma variação do PIB mundial este ano de 3,7%. Em Outubro, quando divulgou as suas previsões de Outono, o Fundo antecipava um crescimento de 3,6%. A actualização é feita apenas para as principais economias do Globo. Não foi feita qualquer mudança nas estimativas apresentadas para Portugal.

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Numa actualização das suas previsões de crescimento publicada esta terça-feira, o FMI aponta agora para uma variação do PIB mundial este ano de 3,7%. Em Outubro, quando divulgou as suas previsões de Outono, o Fundo antecipava um crescimento de 3,6%. A actualização é feita apenas para as principais economias do Globo. Não foi feita qualquer mudança nas estimativas apresentadas para Portugal.

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Nas economias denominadas como “avançadas”,  as projecções melhoraram especialmente para os Estados Unidos, com a variação do PIB este ano a passar de 2,6% para 2,8%, no Japão, que passa de 1,3% para 1,4%, e no Reino Unido, que acelera de 1,8% para 2,4%.

No caso da zona euro, o aumento do optimismo é mais moderado. O FMI previa em Outubro que a economia regressasse em 2014 a taxas de crescimento positivo, com uma variação do PIB de 0,9%. Agora, com um crescimento de 1,6% na Alemanha (1,4% em Outubro) aponta-se para uma ligeira aceleração da zona euro para uma taxa de crescimento de 1%. O FMI diz que os países da moeda única crescerão 1,4% em 2015.

Risco de deflação
Apesar desta melhoria das previsões, o Fundo continua a mostrar que é na zona euro que continua a ver alguns dos principais riscos para as suas projecções, para além de salientar que a melhoria de condições não irá ser sentida da mesma maneira por todos os países. “A zona euro está a virar a esquina da recessão para a retoma (…) mas a recuperação vai ser desequilibrada. A aceleração irá ser geralmente mais modesta nas economias sob stress”, afirma o FMI no seu relatório. Quando o Fundo fala de “economias sob stress” refere-se aos países que mais dificuldades têm sentido nesta crise, como Portugal, Grécia, Espanha e Itália. Ainda assim, em relação a Espanha, um dos países para o qual actualizou as previsões, é feita uma revisão em alta do crescimento económico este ano de 0,2% para 0,6%.

A explicação do FMI para estas dificuldades sentidas pelos países periféricos está “no elevado nível de endividamento, tanto público como privado” e no facto de “a fragmentação financeira continuar a limitar a procura interna”. Como factor positivo surge “o aumento do contributo das exportações para o crescimento”.

Todos estes factores, quando combinados com um valor historicamente baixo da taxa de inflação, fazem com que o Fundo veja a deflação como um dos riscos mais importantes para a zona euro. “Com a inflação provavelmente abaixo dos objectivos durante algum tempo, as expectativas de inflação de longo prazo podem derrapar. Isto aumenta os riscos de uma inflação abaixo do esperado, o que agrava o peso real das dívidas, numa altura em que a política monetária está limitada pelas taxas de juro próximas de zero”, diz o relatório. O FMI diz ainda que “isto aumenta o risco de deflação no caso de surgirem choques adversos na actividade económica“.

Neste cenário – não apelando a mudanças na política orçamental - o que o FMI recomenda para a Europa é a manutenção, e mesmo reforço, de uma política monetária expansionista, pedindo ao BCE que aplique “medidas adicionais”. “Medidas como a provisão de liquidez de mais longo prazo, incluindo empréstimos direccionados, fortaleceriam a procura e reduziriam a fragmentação dos mercados financeiros”, aconselha o Fundo, salientando também a importância do processo de avaliação aos bancos que o BCE está a realizar.

Em relação aos países dos mercados emergentes, as previsões também sofrem poucas alterações, com uma revisão ligeira em alta do crescimento na China e em baixa no Brasil. O Fundo diz que o principal risco para estas economias é ainda o impacto que a retirada das políticas expansionistas da Reserva Federal norte-americana pode vir a ter nos fluxos de capitais desses países.