Um maestro extraordinário

Teve ao longo da sua vida uma acção exemplar no que diz respeito ao incentivo e à formação dos jovens músicos ao mais alto nível.

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Abbado com o pianista Maurizio Pollini

Procurou também que a música clássica não fosse vista como elitista e que chegasse ao maior número de pessoas – basta lembrar os múltiplos concertos que dava em fábricas e oficinas na década de 1960 com o pianista Maurizio Pollini.  

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Procurou também que a música clássica não fosse vista como elitista e que chegasse ao maior número de pessoas – basta lembrar os múltiplos concertos que dava em fábricas e oficinas na década de 1960 com o pianista Maurizio Pollini.  

As interpretações de Abbado devolvem-nos os mais meticulosos detalhes da partitura e da arquitectura musical, convidando a uma escuta atenta que vai muito para além da superfície ou do impacto imediato de efeitos sonoros, mas ao mesmo tempo são percorridas por uma fluência e uma naturalidade surpreendentes. De um bom gosto irrepreensível, evitam maneirismos interpretativos para se centrarem na essência das obras musicais.   

Com a sua morte recente, abundam as listas sobre as múltiplas realizações da sua carreira e sobre a sua notável discografia, pelo que me limito a assinalar um dos seus últimos legados: a Orquestra Mozart, fundada em 2004, em Bolonha. Combinando instrumentistas de primeiro nível no lugar de chefes de naipe com jovens músicos talentosos muito bem preparados do ponto de vista técnico e artístico, esta orquestra de câmara realizou sob a batuta de Abbado gravações primorosas das obras de Mozart, percorridas por uma luminosidade, uma transparência do discurso e uma elegância de estilo ímpares. Entre os solistas que colaboraram com esta formação conta-se Maria João Pires. Infelizmente, com a morte de Abbado e os cortes no domínio da Cultura  do Governo italiano, não se sabe qual vai ser o futuro da Orquestra Mozart.