Académicos acusam Governo de “falta de respeito constitucional” pelas universidades

Grupo de docentes argumenta que corte em excesso de “42 milhões de euros são a última gota de água” e “ameaçam levar a universidade ao ponto de não funcionamento”.

Fotogaleria

Segundo o grupo de docentes que foi até ao MEC, os cortes em excesso no sector, incluindo universidades e institutos politécnicos, chegam a 42 milhões de euros. O porta-voz do grupo, José Emílio Ribeiro, explicou que entregar uma calculadora a Nuno Crato é “um acto simbólico” que pretende alertar para as consequências que os cortes no sector podem ter: “Os 42 milhões de euros são a última gota de água numa via-sacra de cortes que ameaçam levar a universidade ao ponto de não funcionamento”: “E não é tanto a quantidade de dinheiro que é simbólica mas a justificação técnica para o corte. Essa justificação releva uma falta de consideração constitucional pela universidade portuguesa”, afirmou.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Segundo o grupo de docentes que foi até ao MEC, os cortes em excesso no sector, incluindo universidades e institutos politécnicos, chegam a 42 milhões de euros. O porta-voz do grupo, José Emílio Ribeiro, explicou que entregar uma calculadora a Nuno Crato é “um acto simbólico” que pretende alertar para as consequências que os cortes no sector podem ter: “Os 42 milhões de euros são a última gota de água numa via-sacra de cortes que ameaçam levar a universidade ao ponto de não funcionamento”: “E não é tanto a quantidade de dinheiro que é simbólica mas a justificação técnica para o corte. Essa justificação releva uma falta de consideração constitucional pela universidade portuguesa”, afirmou.

Num manifesto que José Emílio Ribeiro leu em voz alta salienta-se que o objectivo é que o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, transmita ao Governo “o forte sentimento de agravo que perpassa, hoje, pelo ensino superior” e que se deve à forma como os cortes estão a ser feitos no sector: “uma forma que releva de uma falta de respeito constitucional pela universidade”.

José Emílio Ribeiro, que pertence ao conselho geral da Universidade de Lisboa e é investigador-coordenador do Instituto Superior Técnico, salientou ainda que não se trata de um “movimento sedicioso contra ninguém”: “É um movimento a favor do meu país que é o mesmo país do professor Nuno Crato”, ressalvou.

Fuga de investigadores
O professor mostra-se preocupado com a fuga de investigadores portugueses para o estrangeiro porque não encontram emprego em Portugal, e considera mesmo que se está a “decapitar a universidade”, estrutura fundamental para “o crescimento tecnológico do país”. “Quando vemos que alguns dos nossos melhores jovens não encontram lugar em Portugal e têm de emigrar, perdendo nós o investimento que fizemos na sua educação, nós perguntamos para onde nos querem levar.”

À agência Lusa, o porta-voz afirmou que “a situação que se está a criar é a médio prazo de tempestade perfeita”: “Cortes de financiamento elevadíssimos neste momento, envelhecimento da população científica portuguesa, fuga de parte de investigadores estrangeiros porque não vêem futuro neste país, emigração de alguns quadros que não encontram emprego científico em Portugal. Isto não serve a ninguém, não serve a Portugal”, disse.

José Emídio Ribeiro desconhece qual a resposta que Crato dará à carta que entregaram no MEC, mas acredita que o governante concordará com grande parte da argumentação: “Tenho a certeza de que o ministro Nuno Crato comunga muitas das minhas opiniões. O ministro da educação e ciência é membro de um colégio chamado Governo”, disse. À porta do MEC, os manifestantes colocaram uma faixa onde se lia: “Sr. Ministro: Faça bem as contas! Corrija um erro de matemática”.