Portas critica “excessos” da troika e rejeita demissão como “capricho”

No primeiro discurso do congresso do CDS, o líder do partido justificou a demissão em Julho como "último recurso".

Fotogaleria

Assumindo que houve “momentos muito difíceis” desde 2011 no Governo de coligação CDS/PSD, Paulo Portas deixou algumas palavras – poucas – sobre a demissão que protagonizou em Julho. “Deixo de lado aqueles que acharam que era um capricho ou um enfado, não conhecem o meu sentido de missão, mas o meu partido conhece-o. O partido deve apenas saber que actuei em último recurso, se nada fosse feito a coligação poderia deteriorar-se e isso era pior para todos”, afirmou o vice-primeiro-ministro.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Assumindo que houve “momentos muito difíceis” desde 2011 no Governo de coligação CDS/PSD, Paulo Portas deixou algumas palavras – poucas – sobre a demissão que protagonizou em Julho. “Deixo de lado aqueles que acharam que era um capricho ou um enfado, não conhecem o meu sentido de missão, mas o meu partido conhece-o. O partido deve apenas saber que actuei em último recurso, se nada fosse feito a coligação poderia deteriorar-se e isso era pior para todos”, afirmou o vice-primeiro-ministro.

Foi também com o argumento de que era necessário um equilíbrio entre o económico e o financeiro (depois da saída do ministro Vítor Gaspar) que Paulo Portas justificou a decisão de sair de ministro dos Negócios Estrangeiros. “O que tem de ser tem muita força, a crise foi superada e a meu ver o Governo está mais forte, concluiu.

Definindo o ano de 2014 como aquele que será de “uma situação melhor”, Paulo Portas apontou o fim do programa de resgate, a 17 de Maio, como a prioridade do país e do partido. “Há vida para além da troika, há vida com crescimento, em 2014 recuperaremos a autonomia, retomaremos a economia, em 2014 cessa o protectorado, embora não desapareçam os constrangimentos, em 2014 há um moderado lugar para a esperança, 2014 será na verdade será o primeiro ano em que se pode falar de Portugal depois da troika e da economia depois da recessão”, afirmou.

O vice-primeiro-ministro reafirmou o seu empenho em sair do programa em Maio. Apesar de admitir que nem todos os problemas desaparecem, Paulo Portas salientou que o Governo ganha a liberdade de escolher os meios para atingir os objectivos orçamentais. “O credor impõe o objectivo e tem um poder excessivo para alcançar essas políticas”, afirmou, desejando que “não mais suceda um co-Governo com os credores”.

Falando da recuperação económica – “os sinais ténues da economia” – Paulo Portas repetiu os indicadores económicos já enumerados na sua moção e sobre o desemprego afirmou: “A verdade é que lentamente, mais lentamente do que queríamos, Portugal começou a reduzir o desemprego”.

O líder do CDS reiterou as críticas que tem feito – aliás tal como Passos Coelho – ao secretário-geral do PS. “Não é possível dizer de manhã que Portugal tem de sair do programa de assistência financeira em Maio, e á irlandesa, e no mesmo dia, à tarde que o querer que o Tribunal Constitucional deite abaixo todas as medidas para que Portugal termine o programa em Maio. É querer tudo e o contrário de tudo”, apontou.

As últimas palavras foram dirigidas directamente aos congressistas para não contribuirá para “nenhuma especulação para o seu futuro político”. “Nisso sou muito prosaico. Sou de ficar, não sou de abandonar”, disse, depois de elogiar os ministros do CDS no Governo. Na mesa da comissão política, à frente de um cenário em tons de azul e branco, Portas está sentado entre Assunção Cristas (ministra da Agricultura), e António Pires de Lima.