Descoberta cor da pele de três répteis extintos

Viviam nos oceanos e eram negros ou pelo menos muito escuros, pigmentos serviam para se aquecerem como faz hoje a tartaruga-de-couro.

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Agora, a análise dos pigmentos de três répteis marinhos extintos há muitos milhões de anos permitiu descobrir melanina em fósseis daquelas espécies. A análise mostrou à equipa que estes animais eram escuros como a tartaruga-de-couro que hoje nada nos oceanos, conclui um artigo na revista Nature publicado online nesta quarta-feira.

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Agora, a análise dos pigmentos de três répteis marinhos extintos há muitos milhões de anos permitiu descobrir melanina em fósseis daquelas espécies. A análise mostrou à equipa que estes animais eram escuros como a tartaruga-de-couro que hoje nada nos oceanos, conclui um artigo na revista Nature publicado online nesta quarta-feira.

“Estes animais eram pretos ou eram muitos escuros”, diz Johan Lindgren, biólogo da Universidade de Lund, na Suécia e um dos autores do artigo, que foi entrevistado num podcast para a revista Nature.

A equipa analisou pele de fósseis de três répteis de linhagens distintas e que viveram em momentos diferentes na história da Terra: uma tartaruga-de-couro de um género extinto de há 55 milhões de anos, no Eocénico; um mosossauro, um réptil marinho com aspecto de serpente e dentes afiados de há 86 milhões de anos, no Cretácico; e um ictiossauro, outro réptil marinho que nadou nos oceanos do Jurássico, entre há 196 e 190 milhões de anos, e tinha um aspecto de um golfinho.

Estes répteis, apesar de terem existido em alturas diferentes da história geológica da Terra, viveram por todos os oceanos nas várias latitudes terrestres. Tal como a pele dos répteis de hoje, ou dos humanos, estes animais extintos também teriam pigmentos na sua pele.

Os humanos, por exemplo, têm melanina na pele, nos olhos e noutros tecidos do cérebro. Na pele, a melanina é produzida numas células especializadas chamadas “melanócitos”. Nestas células, existem melanossomas, organelos competentes na produção destes pigmentos. É a actividade dos melanossomas, estimulados pela luz solar, que nos permite ficar bronzeados no Verão, quando mais nos expomos ao Sol.

A equipa analisou, através de técnicas avançadas de microscopia e espectrometria, estruturas celulares que se pareciam com melanossomas. Durante muito tempo, havia um mistério acerca daquelas estruturas encontradas nos fósseis: não se sabia se eram de facto melanossomas ou bactérias, que são bastante mais pequenas do que as células dos animais.

Mas uma técnica avançada de espectrometria permitiu ter uma leitura do espectro dos pigmentos nestes fósseis. Os cientistas verificaram que estes espectros eram iguais ao espectro da eumelanina, um dos três tipos básicos da melanina. “Analisámos os conteúdos químicos destes pequenos organelos e tinham todos eumelanina”, refere Johan Lindgren.

A equipa defende que a cor destes três répteis é parecida com a cor escura da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), que existe por todos os oceanos da Terra, em todas as latitudes. Esta tartaruga já foi vista várias vezes a nadar à tona da água, quando o Sol está no pico. “Elas usam esta cor escura para aumentar o rácio de absorção da luz do Sol e também para elevar a temperatura do corpo. [Os animais extintos] também estavam espalhados pelos [oceanos] de toda a Terra, é presumível que eles fizessem o mesmo”, explica o cientista.

Para a equipa, este é um exemplo de evolução convergente que aconteceu em diferentes linhagens de répteis que, durante a evolução, passaram da terra para o mar, lê-se no artigo: “Os nossos resultados sugerem que a coloração escura de répteis marinhos extintos pode ser comum, assim como é nos amniotas [grupo que inclui os répteis, as aves e os mamíferos] que estão vivos. Uma convergência destas reflecte a importância evolutiva que a melanina teve, depois de cada uma destas antigas linhagens de répteis ter voltado ao mar.”