Um Comité Central diferente, mas com regra de ouro

O esforço de renovação geracional tem sido uma estratégia de acção de há cerca de duas décadas no PCP. Dos dirigentes da clandestinidade já nenhum tem assento na direcção e apenas Albano Nunes permanece no CC desde o VII Congresso em 1974.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O esforço de renovação geracional tem sido uma estratégia de acção de há cerca de duas décadas no PCP. Dos dirigentes da clandestinidade já nenhum tem assento na direcção e apenas Albano Nunes permanece no CC desde o VII Congresso em 1974.

Do conclave seguinte, em 1976, mantêm-se ainda Carlos Carvalhas, José Casanova e Rosa Rabiais. Do congresso de 1979 permanecem Agostinho Lopes, Diamantino Dias, Eugénio Pisco, Francisco Lopes, Jerónimo de Sousa, Luísa Araújo, Manuel Gusmão e Ruben de Carvalho. De 1983 vêm Francisco Pereira, João Abreu e Fernanda Mateus. De 1988 permanecem 12 membros. De 1992 vêm 13 dirigentes. Há um dirigente que subiu por cooptação, em 1993. Em 1996 foram eleitos 18 dos actuais membros. De 2000 são 17. De 2004 ascendem a 26. De 2008 há 23. No último congresso entraram 27.

No que se refere à média de idades, ela foi no momento da eleição do actual CC em 2012 de 47,71 anos. Contrariando a imagem pública de que o PCP é um partido envelhecido, a evolução da média de idades mostra que os comunistas têm ao longo dos 40 anos de democracia conseguido manter padrões mais ou menos estáveis. Assim, se em 1976 a média de idades era de 39,9 anos, em 1983 sobe para 40,9 anos, em 1988 para 42 anos, em 1992 para 45 anos, em 1996 para 46 anos e em 2000 para 47 anos.

Longe de critérios que possam ser considerados paritário (40%-60%), o PCP tem, porém, aumentado o número de mulheres dirigentes. Hoje em dia há 38 mulheres para 114 homens, uma percentagem de 25%. Este aumento tem sido gradual ao longo dos anos. Em 1974, no primeiro CC eleito após o 25 de Abril, em 36 membros havia quatro mulheres – duas efectivas, Georgete Ferreira e Sofia Ferreira, e duas suplentes, Maria Alda Nogueira e Margarida Tengarinha. Em 1976, subiram para dez mulheres, representando 11%, em 1979 eram 14,3%, em 1983 eram 13,3%, em 1988 eram 16%, em 1992 eram 16,48%, em 1996 representavam 18%, em 2000 19%, em 2004 21% e em 2008 24,5%.

A única percentagem que o PCP tem procurado manter inalterável é aquilo a que chama “a regra de ouro da origem de classe”. Assim, o actual CC é composto por uma percentagem de 65,8 de operários e empregados. Em 1974, dos 36 membros que integravam o CC, 24 eram operários e empregados, isto é, 66,6%. Em 1976 subiu para 73,5%, em 1979 para 73,7%, em 1983 eram 72%, em 1988 eram 70,9%, em 1992 69,1%, em 1996 68%, em 2000 65%, em 2004 eram 65,4% e em 2008 eram 66,7%.