Centro de Lampedusa esvaziado após polémica sobre tratamento de migrantes

Em Roma há nove magrebinos com as bocas cosidas para protestarem contra as condições da sua detenção.

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Em Lampedusa estavam cerca de 200 migrantes ALBERTO PIZZOLI/AFP

O ministro do Interior, Filippo Bubbico, disse numa entrevista ao jornal Avvenire que os cerca de 200 imigrantes foram transferidos para Palermo.

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O ministro do Interior, Filippo Bubbico, disse numa entrevista ao jornal Avvenire que os cerca de 200 imigrantes foram transferidos para Palermo.

A transferência foi confirmada por Khalid Chaouki, deputado do Partido Democrata (PD), principal partido de esquerda e a maior força política na coligação governamental.

Chaouki, de origem marroquina, “barricou-se simbolicamente” no domingo no centro de ilha de Lampedusa, afirmando que ficaria ali até que os migrantes, alguns deles ali confinados há meses, fossem transferidos para outras instalações em Itália.

“Encontrei aquilo que temia: um lugar indigno onde chove dos tectos”, disse.

As condições de alojamento e a duração das estadias também provocaram um protesto espectacular de imigrantes magrebinos que no sábado coseram os lábios para denunciar a sua detenção num “Centro de identificação e expulsão” (CIE) em Roma.

No CIE de Ponte Galeria, perto do aeroporto de Rome-Fiumicino, quatro tunisinos e cinco marroquinos coseram os lábios de forma a cumprirem uma greve de fome, ficando apenas capazes de ingerir líquidos.

Na segunda-feira quatro imigrantes foram expulsos para os seus países de origem (Tunísia e Marrocos), incluindo dois dos homens que participavam no protesto. Outros dois coseram os lábios na sequência da expulsão dos primeiros. “São nove os que continuam a ter a boca cosida” e 37 migrantes no total que estão a observar uma greve de fome, disse Vincenzo Lutrelli, director do centro de Ponte Galeria.

O chefe do governo italiano Enrico Letta prometeu na segunda-feira que em Janeiro vai rever totalmente as condições de acolhimento de migrantes e refugiados em Itália. Entre outras medidas, o Governo quer baixar de 18 para dois meses a duração máxima de permanência nos CIE, aumentar o número de comissões regionais que analisam os pedidos de asilo e modificar a lei Bossi-Fini que considera a imigração clandestina como um delito sujeito a pena de prisão.