E Força no pau não prejudica a denominação Douro?

Quem o pode criticar? Eurico de Figueiredo fez tudo certo: registou a marca no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e submeteu-a à aprovação do IVDP. A este organismo só lhe competia apurar se o rótulo respeitava todos os preceitos burocráticos da denominação Douro, se correspondia ao lote de vinho aprovado e se este estava em condições de ser certificado.

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Quem o pode criticar? Eurico de Figueiredo fez tudo certo: registou a marca no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e submeteu-a à aprovação do IVDP. A este organismo só lhe competia apurar se o rótulo respeitava todos os preceitos burocráticos da denominação Douro, se correspondia ao lote de vinho aprovado e se este estava em condições de ser certificado.

Julgar sobre o nome do vinho é uma arbitrariedade que não lhe devia assistir, muito menos com base na defesa da ordem pública e dos bons costumes. Se o nome serve para o INPI devia servir para o IVDP.

Alegar que a expressão Que se lixe a troika prejudica o carácter distintivo ou o prestígio da denominação de origem também não colhe. Paulo Portas tem dito pior da troika e ninguém se ofende. O que há de verdadeiramente censurável naquela expressão, além do seu significado político, que se esfuma mal a troika saia de Portugal? Que se lixe a troika é pior para a imagem dos vinhos do Douro do que Cabeça de burro ou Escorna bois, duas marcas históricas da região? E o que o diz o IVDP ao nome Força no Pau, que é também uma marca de vinho do Douro? Respeita os bons costumes e o prestígio da denominação?

Se o IVDP tivesse aprovado a marca Que se lixe a troika, Eurico de Figueiredo dava umas entrevistas e o vinho passava rapidamente à história como um epifenómeno comercial sem qualquer dano para a imagem do Douro. Ao recorrer à censura, o IVDP – que é um organismo conceituado – expôs-se na praça pública, dando de si uma imagem passadista e bolorenta.