A necessária Aula Magna e os pirómanos

O grito de alarme da Aula Magna é oportuno e justo. E, mais do que justo, necessário.

De nada valeram as disfarçadas palavras do primeiro-ministro apelando ao silêncio com o objetivo de esvaziar a manifestação patriótica. Não houve direitista neoliberal que não quisesse meter a colherada no que se passou na Aula Magna, mas na verdade o que fizeram foi denunciar que o coração lhes tinha sido fortemente tocado. Surpresa até para os organizadores, afinal os alaridos lançaram mais achas para a fogueira, mantendo vivo o fogo que crepitou do encontro.

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De nada valeram as disfarçadas palavras do primeiro-ministro apelando ao silêncio com o objetivo de esvaziar a manifestação patriótica. Não houve direitista neoliberal que não quisesse meter a colherada no que se passou na Aula Magna, mas na verdade o que fizeram foi denunciar que o coração lhes tinha sido fortemente tocado. Surpresa até para os organizadores, afinal os alaridos lançaram mais achas para a fogueira, mantendo vivo o fogo que crepitou do encontro.

Sejamos sérios! A Aula Magna foi um protesto ao caminho que a governação adoptou e um alerta do que aí pode vir, em termos de rutura social, se não houver inflexão de políticas. Insistiram na provocadora "tese à violência vinda da Aula Magna" e, em particular, do seu magno organizador até o Papa Francisco falar mais alto sobre o risco de explosão da violência face a situações de desigualdade e de exclusão.

Houve de tudo. Até um ministro, descurando a "farda" e indiferente à sorte de centenas de trabalhadores de Viana de Castelo, encontrou tempo para desrespeitar os "seus", chamando-lhes “velhos do Restelo”. Outros atiraram-se contra quem mais lutou pela liberdade de que gozam e que, lucida e corajosamente, se mantém na luta por Portugal sempre e até que for necessário defender o cumprimento da Constituição em vigor, a democracia e o Estado social. E porque há falta de propósitos maiores, ainda houve quem se socorresse em "artigo de opinião" de cartas intencional e pidescamente forjadas, de forma anónima, transpostas na íntegra para a zona do lixo virtual e pelos vistos incluídas mais tarde em capítulo de "livro".

Estes modus operandi não beliscam convicções, muito menos de gente bem experimentada antes do 25 de Abril.

Certo, certo é que esta nova direita, que Portugal ainda não tinha experimentado em pleno durante o período da democracia, não discutiu a substância que deu mote ao encontro, antes se arredou em busca de vitimização com a história da violência, sabendo bem, mas fazendo que não, que se tratou de um avisado alerta.

Há uma outra direita que tendo ideais também sabe que chegámos ao limite, com o processo de desmantelamento do Estado em todos os domínios.

O grito de alarme da Aula Magna é, por isso, oportuno e justo. E, mais do que justo, necessário.

Advogado, ex-deputado do PS