"Chegou a altura de os grandes proprietários começarem a pagar"

Ministro das Finanças grego agita águas ao defender imposto para os mais ricos. Executivo espera luz verde da troika.

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Yannis Stournaras: "Estou aqui como tecnocrata para dizer a verdade, não preciso de carreira política" Miguel Madeira

Em causa está um projecto-lei que prevê uma taxa sobre os proprietários de bens financeiros acima de 300 mil euros. Para justificar o novo imposto, que nas projecções do Governo dará aos cofres do Estado 2600 milhões de euros, o governante diz que “é tempo de fazer pagar os proprietários do Ekali”, um bairro residencial do norte de Atenas.

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Em causa está um projecto-lei que prevê uma taxa sobre os proprietários de bens financeiros acima de 300 mil euros. Para justificar o novo imposto, que nas projecções do Governo dará aos cofres do Estado 2600 milhões de euros, o governante diz que “é tempo de fazer pagar os proprietários do Ekali”, um bairro residencial do norte de Atenas.

Numa entrevista ao jornal To Vima, que a AFP cita neste domingo, Yannis Stournaras defendeu ser preciso proteger da aplicação de novas medidas de austeridade quem tem rendimentos mais baixos, em nome de políticas “mais justas”. “Estou aqui como tecnocrata para dizer a verdade, não preciso de carreira política”, afirmou.

Uma declaração que vai directa para as fileiras dos partidos da coligação, conservadores e democratas, que garantem com uma curta-margem a maioria absoluta do executivo liderado por Antonis Samaras. No Nova Democracia, o partido do primeiro-ministro, o projecto-lei já foi contestado por alguns deputados, que discordam da aplicação de uma nova taxa financeira dirigida a quem tem bens financeiros acima de 300 mil euros.

A proposta para a criação da nova taxa não passa ao lado das discussões entre o executivo e a missão da troika, com a qual o Governo espera fechar um acordo até ao final do ano, antes de a Grécia assumir a presidência rotativa da União Europeia, a 1 de Janeiro de 2014. Isto num clima de pára-arranca nas negociações entre Atenas e a troika sobre o cumprimento das metas orçamentais da Grécia.

Quando os representantes da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional terminaram as negociações com o Governo de Samaras, em Novembro, disseram desde logo que ficaram algumas questões “por resolver”. Na agenda ficou marcado o regresso da missão externa para o início deste mês, mas as negociações não têm, para já, data para serem retomadas.

“O Governo grego está em contacto com a troika” para encontrar a altura “mais adequada para o seu regresso a Atenas”, fez saber na sexta-feira o ministério das Finanças. A 9 de Novembro, Yannis Stournaras irá a Bruxelas para uma reunião com os seus homólogos da zona euro, mas antes irá à Comissão Europeia o primeiro-ministro grego, (já na quarta-feira), para contactos sobre a situação na Grécia e sobre a presidência rotativa da União Europeia.