Jovem que atacou colegas em escola de Massamá reinicia aulas no centro educativo

Rapaz esteve sete horas a ser ouvido por um procurador no Tribunal de Família e Menores de Sintra.

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Nuno Ferreira Santos

A informação é do advogado do jovem, Pedro Proença, que explica que acabou por não requerer a transferência do cliente para uma clínica privada, como chegou a ser equacionado. “Há uma evolução assinalável no comportamento do menor, que se mostrou muito mais objectivo, muito mais calmo e muito colaborante do que a primeira vez que esteve em tribunal. O psicólogo teve uma atitude tão profissional e tão competente que nos deu garantias de que o meu cliente está a ser bem acompanhado”, afirma Proença.

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A informação é do advogado do jovem, Pedro Proença, que explica que acabou por não requerer a transferência do cliente para uma clínica privada, como chegou a ser equacionado. “Há uma evolução assinalável no comportamento do menor, que se mostrou muito mais objectivo, muito mais calmo e muito colaborante do que a primeira vez que esteve em tribunal. O psicólogo teve uma atitude tão profissional e tão competente que nos deu garantias de que o meu cliente está a ser bem acompanhado”, afirma Proença.

O advogado admite que mudar nesta fase o cliente podia ter efeitos perversos, já que, por exemplo, está em curso, no centro educativo, uma peritagem à personalidade do jovem. O defensor adianta que o cliente foi ouvido durante sete horas, sem paragem para o almoço, tendo relatado ao procurador “detalhadamente” os incidente ocorridos na Escola Secundária Stuart de Carvalhais.

“O meu cliente descreveu os últimos três anos na escola, tendo falado sobre o comportamento discriminatório de que era vítima por parte dos colegas, que o chamavam 'marrão' e 'nerd'. Muitas vezes, escondiam-lhe coisas”, relata o representante do menor. O advogado diz que o jovem contou que se foi sentindo cada vez mais "diferente, feio e isolado", tendo a determinada altura começado a pensar que os colegas o tinham de respeitar.

O rapaz foi confrontado com inúmeros testemunhos já prestados no inquérito, que, segundo Pedro Proença, está “praticamente encerrado”. Faltam agora relatórios médicos e um social, além da peritagem à personalidade do menor. Mas o Ministério Público poderá ter que avançar com a acusação antes de receber os resultados, já que os processos tutelares de menores têm prazos muito apertados. O rapaz está indiciado por terrorismo e por tentativa de homicídio, mas esta terça-feira voltou a insistir que não teve a intenção de matar ninguém. “No princípio de Janeiro, deve haver julgamento”, acredita Pedro Proença.  

No dia 14 de Outubro, o jovem fez deflagrar um engenho de fumo na aula de Português e golpeou com uma faca de cozinha um colega. Depois, uma colega. E fugiu. Pelo caminho, foi interceptado por uma funcionária. Atacou-a com a mesma faca. E continuou a fugir.

Quando a polícia o deteve, já na rua, deixou-se levar. Disse que pretendia “imitar um massacre” como o que foi cometido a 21 de Abril de 1999, por dois estudantes de 17 e 18 anos, na Columbine High School, no Colorado, Estados Unidos, que mataram 13 pessoas e se suicidaram de seguida. Consigo, o aluno da Stuart Carvalhais tinha uma folha A4 onde, nas palavras da polícia, se descrevia em pormenor um plano para matar 60 pessoas na escola e “bater um recorde”. Quando foi ouvido pela primeira vez em tribunal, o rapaz disse que o plano tinha sido feito com um colega, “mais por brincadeira”.