Mayor de Toronto admite compra de drogas ilegais e rejeita demissão do cargo

Rob Ford já tinha admitido o consumo de crack e problemas com a bebida. Conselho municipal votou moção a pedir o seu afastamento.

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“Não vou a lado nenhum”, garantiu, acrescentando que a sua intenção é recandidatar-se ao cargo nas eleições de Outubro de 2014.

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“Não vou a lado nenhum”, garantiu, acrescentando que a sua intenção é recandidatar-se ao cargo nas eleições de Outubro de 2014.

Sem competências para forçar a demissão do mayor – envolto num escândalo depois da divulgação de vídeos em que aparecia a fumar crack e a fazer ameaças num estado de semi-consciência –, os conselheiros municipais recomendaram que Ford pedisse uma licença sem vencimento e se retirasse para “resolver os seus problemas” e “não envergonhar mais a cidade”.

Não foi simplesmente uma sugestão: foi uma moção formal, posta à votação e aprovada com 41 votos a favor e dois contra. A proposta alegava que a permanência de Ford no cargo representava uma “distracção” e prejudicava a reputação da cidade, e aconselhava o mayor a suspender o mandato – a lei canadiana só prevê a destituição do cargo em caso de crime, e Ford não está acusado.

“A imagem e reputação da cidade sofreram um grande rombo e com razão. Tornou-se cada vez mais difícil resolver os desafios urgentes e substantivos que o conselho municipal enfrenta, pelo que pedimos que se afaste, e solicite uma licença que lhe permita resolver os seus problemas em privado, longe do escrutínio público”, dizia a moção.

Mas mais uma vez Rob Ford sacudiu a pressão política e rejeitou os apelos para que saísse de cena, o que deu origem a um debate acalorado, e muito tenso. Por várias vezes a sessão teve de ser interrompida, por causa das manifestações do público que encheu o salão municipal.

O momento mais surpreendente aconteceu quando um dos antigos aliados políticos do mayor quis saber se a relação de Ford com as drogas ia para além da sua experiência ocasional com crack. “Quero saber se nos últimos dois anos o mayor desta cidade andou a comprar drogas ilegais”, exigiu Denzil Minnan-Wong.

“Sim”, respondeu Ford, após uma breve pausa. “Compreendo a vergonha que isso é. Sinto-me bastante humilhado”, acrescentou.

O mayor desvalorizou as acusações e contrapôs que tinha um “desempenho exemplar”, quer em termos da participação nas reuniões do conselho municipal”, quer na gestão da cidade. “Já pedi desculpa, já pedi perdão, agora é altura de olhar em frente”, disse Ford. “Cabe aos eleitores e não ao conselho decidir se eu devo ir embora ou não”, notou o mayor, que pretende concorrer a um segundo mandato.

A polémica rebentou em Maio, quando jornalistas do diário Toronto Sun e do site norte-americano Gawker disseram ter visto um vídeo com Rob Ford a fumar crack, uma substância altamente viciante à base de cocaína. O mayor ignorou a polémica até que a polícia da cidade confirmou a existência e a veracidade do vídeo – nessa altura, Ford admitiu ter experimentado a droga, “provavelmente há um ano, numa das minhas bebedeiras”. Depois disso, surgiu uma outra filmagem em que o mayor aparece visivelmente embriagado, a gritar insultos e ameaças de morte contra um indivíduo.