Governo “não negoceia” com base em greves nos transportes

Secretário de Estado dos Transportes avisa que vaga de paralisações não vai mudar estratégia do executivo. “Os grevistas, dois anos depois, já deviam ter percebido”, diz.

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Sérgio Monteiro foi o rosto do Governo no debate Daniel Rocha

“Esta estratégia de fazer reféns as empresas de uma estratégia política por parte dos sindicatos não levará o Governo a mudar de políticas. Nós queremos empresas que sejam eficientes seja na esfera pública seja na esfera privada”, afirmou Sérgio Monteiro aos jornalistas à margem de uma conferência em Lisboa.

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“Esta estratégia de fazer reféns as empresas de uma estratégia política por parte dos sindicatos não levará o Governo a mudar de políticas. Nós queremos empresas que sejam eficientes seja na esfera pública seja na esfera privada”, afirmou Sérgio Monteiro aos jornalistas à margem de uma conferência em Lisboa.

Dirigindo uma “palavra de simpatia” aos utentes do Metro de Lisboa que hoje não usufruíram daquele serviço no dia da greve de 24 horas dos trabalhadores da empresa, o governante disse que “as greves são um legítimo direito dos trabalhadores, mas, infelizmente, fazem perder clientes e perder receita e afastam as empresas da sustentabilidade financeira, que é uma condição para se manterem na esfera pública”.

Para Sérgio Monteiro, as greves dos trabalhadores das empresas de transportes “empurram as empresas para a concessão a ser operada pelos privados, que é exactamente o contrário daquilo que os grevistas pretendem”.

“É uma estratégia que me deixa um pouco perplexo (...) Não negociamos com base em greves e os grevistas, dois anos depois, já deviam ter percebido isso. Não há nada que nos faça mudar de política, porque a política é para a sobrevivência das empresas. Não tomamos decisões na área dos transportes para os trabalhadores, tomamo-las para os clientes. Mau era se o Governo legislasse para os trabalhadores das empresas da tutela”, rematou Sérgio Monteiro.

A circulação no metropolitano de Lisboa foi paralisada às 0h desta quinta-feira devido ao início da greve de 24 horas dos trabalhadores.

De acordo com António Laires, do Sindicato Independente da Manutenção do Metropolitano de Lisboa (SINDEM), as portas de várias estações de metropolitano começaram a encerrar a partir das 23h30 de quarta-feira, mas a circulação foi paralisada a partir das 0h.

Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa agendaram a paralisação depois de 36 organizações sindicais e comissões de trabalhadores do sector dos transportes terem decidido avançar com uma quinzena de greves, que começou a 25 de Outubro e se prolonga até 8 de Novembro.

Os trabalhadores protestam contra as propostas do Orçamento do Estado para 2014, como a concessão dos serviços a privados e a redução das indemnizações compensatórias às empresas.