Radiotelescópio ALMA revela novos pormenores do objecto celeste mais frio do Universo

Vista pelo telescópio espacial Hubble, a nebulosa do Bumerangue parecia um lacinho. Agora, a resolução sem precedentes do radiotelescópio ALMA revela um objecto com contornos mais fantasmagóricos.

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A nebulosa do Bumerangue vista pelo Hubble (à esquerda) e pelo ALMA (à direita) NRAO/AUI/NSF/ESA/NASA

Os seus resultados foram publicados na revista Astrophysical Journal.

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Os seus resultados foram publicados na revista Astrophysical Journal.

Situada a uns 5000 anos-luz da Terra na direcção da Constelação do Centauro, a nebulosa do Bumerangue tem uma temperatura de apenas um grau acima do zero absoluto (272 graus Celsius negativos), sendo mais fria do que a chamada radiação cósmica de fundo do Universo, que é o “eco” do Big Bang (e cuja temperatura, uniforme em todo o Cosmos, é de 2,8 graus acima do zero absoluto).

Trata-se de uma “nebulosa planetária” em formação. Ao contrário do que se poderia pensar, não tem nada a ver com planetas: é antes uma estrela do tipo do nosso Sol em fim de vida, quando já perdeu as suas camadas exteriores. No seu centro, explica um comunicado do Observatório Nacional de Radioastronomia (EUA), um dos parceiros do ALMA, resta uma anã branca que, ao emitir luz ultravioleta, faz brilhar os gases da nebulosa.

As primeiras observações da nebulosa do Bumerangue a partir de telescópios terrestres, nos anos de 1980, mostravam uma forma com dois lóbulos ligeiramente assimétricos. Mais tarde, o telescópio espacial Hubble revelou uma estrutura em lacinho ou ampulheta. E agora, o ALMA, capaz de detectar ainda melhor os comprimentos de onda muito frios no espaço, atesta “que a estrutura em duplo lóbulo, ou em bumerangue, é na realidade uma estrutura muito mais larga que se está a expandir rapidamente no espaço”, como faz notar Raghvendra Sahai, da agência espacial norte-americana NASA e autor principal do estudo. A nova imagem evoca literalmente a silhueta de um fantasma de desenho animado.

Este tipo de resultados, diz ainda Sahai, são importantes para perceber melhor como morrem as estrelas como o nosso Sol.