Austrália cantou os parabéns à sua maior obra, a Ópera de Sydney

Passaram 40 anos desde que o edifício classificado como Património Mundial da Humanidade foi inaugurado.

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Os parabéns já foram cantados e a Orquestra Sinfónica de Sydney, juntamente com o coro da Sydney Philharmonia e alguns solistas australianos, interpretou a 9.ª Sinfonia de Beethoven num momento simbólico que pretendeu lembrar o dia em que a Ópera de Sydney foi inaugurada a 20 de Outubro de 1973. Nesse dia, tal como neste domingo, foi Beethoven que se ouviu.

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Os parabéns já foram cantados e a Orquestra Sinfónica de Sydney, juntamente com o coro da Sydney Philharmonia e alguns solistas australianos, interpretou a 9.ª Sinfonia de Beethoven num momento simbólico que pretendeu lembrar o dia em que a Ópera de Sydney foi inaugurada a 20 de Outubro de 1973. Nesse dia, tal como neste domingo, foi Beethoven que se ouviu.

Milhares de pessoas estiveram presentes nas comemorações que contaram, entre outras iniciativas, com uma cerimónia de purificação, celebrada por aborígenes. Houve ainda visitas guiadas ao edifício classificado como Património Mundial da Humanidade e distribuíram-se pelas pessoas milhares de bolos para que todas se sentissem parte da festa, que continuará ao longo da semana com várias actividades e concertos especiais.

Na cerimónia esteve presente Jan Utzon, filho do arquitecto que morreu em 2008 aos 90 anos. Aos jornalistas Utzon enalteceu o feito do seu pai, afirmando que “desenhar um edifício como este só acontece uma vez na vida”. “É uma expressão australiana única de vontade e entusiasmo e do 'vamos fazer', um estado de espírito muito presente na Austrália nos anos 1960”, disse, citado pela AFP.

Embora o dia seja de festa e o edifício seja hoje considerado como “uma das maiores obras arquitectónicas do século XX”, recebendo anualmente cerca de dois mil espectáculos e mais de oito milhões de pessoas, na altura em que foi projectado a sua obra esteve envolvida em controvérsia.

Jorn Utzon, ao contrário do seu filho que este domingo fez questão de estar presente, nunca chegou sequer a visitar o edifício depois de pronto.  

Utzon ganhou o concurso internacional de arquitectura para a Ópera de Sydney em 1957, aos 38 anos. Havia 232 candidatos e terá sido o arquitecto finlandês Eero Saarinen, que fazia parte do júri, a apoiar o seu projecto. Fez a obra com o engenheiro anglo-dinamarquês Ove Arup e o edifício demorou anos a ser construído (de 1956 a 1973). A polémica instalou-se e, em 1966, quando Jorn Utzon abandonou a direcção da obra e a Austrália, para onde se tinha mudado com a sua família.

As razões deste afastamento terão sido as divergências que o arquitecto teve com o seu cliente por causa da acústica e da derrapagem no orçamento (em mais de mil por cento). Alguns pormenores da obra, nomeadamente no seu interior, não foram acabados segundo os seus planos. Utzon nunca chegou a visitar o edifício, mesmo depois de se ter reconciliado com a Fundação da Ópera de Sydney nos anos 1990 e mais tarde o seu filho Jan, também arquitecto, ter feito a renovação do interior do edifício, aproximando-o mais daquilo que o pai tinha projectado.

Anos depois, em 2003, Utzon recebe aquele que é considerado o prémio Nobel da arquitectura pela obra - o Prémio Pritzker -, que também já foi atribuído a Álvaro Siza, Frank Gehry e Rem Koolhaas. Nessa altura, o arquitecto Frank Gehry, que fazia parte do júri, disse que Utzon "fez um edifício bem à frente do seu tempo, bem à frente da tecnologia disponível, e conseguiu ter perseverança, apesar de toda a publicidade malévola e das críticas negativas, para construir um edifício que mudou a imagem de todo um país".