Como o Irão construiu um arranha-céus em Nova Iorque e o escondeu durante décadas

A Justiça deu razão ao Governo e luz verde para a apreensão do prédio no coração de Nova Iorque e no centro de uma batalha jurídica que envolve o Irão. Proprietários do prédio vão recorrer da decisão.

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AFP

O prédio permaneceu no centro de Nova Iorque, vencendo os sobressaltos da História. E há cinco anos o Governo dos Estados Unidos iniciou uma batalha jurídica para ficar com a sua posse. O processo por violação das sanções (que os Estados Unidos impuseram ao Irão) e quebra das leis que proíbem a lavagem de dinheiro visava a Fundação Alavi e a Corporação Assa, os proprietários do edifício depois da queda do Xá, com ligações ao regime de Teerão.

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O prédio permaneceu no centro de Nova Iorque, vencendo os sobressaltos da História. E há cinco anos o Governo dos Estados Unidos iniciou uma batalha jurídica para ficar com a sua posse. O processo por violação das sanções (que os Estados Unidos impuseram ao Irão) e quebra das leis que proíbem a lavagem de dinheiro visava a Fundação Alavi e a Corporação Assa, os proprietários do edifício depois da queda do Xá, com ligações ao regime de Teerão.

Esta terça-feira, o caso quase ficou encerrado quando a juíza federal deu razão ao Governo e luz verde para a apreensão do edifício, cujo valor ronda os 700 milhões de dólares. Katherine Forrest deu como provada a acusação do procurador de que o o embargo imposto pelos EUA, que proíbe todo o tipo de relações comerciais e financeiras com o Irão, foi violado com as transferências secretas de rendas e rendimentos relativos ao edifício para o Bank Melli do Irão, banco comercial detido pelo Estado.

A Fundação Alavi e a Corporação Assa vão recorrer da decisão. "Estamos obviamente desapontados com a decisão do tribunal", lê-se num comunicado no site da Fundação Alavi, que considera o desfecho "parcial" e o julgamento "sumário". "Estivemos a rever o caso e discordamos da análise dos factos e da lei feita pelo tribunal."

O Departamento da Justiça norte-americano (Ministério Público) declara em comunicado que o pronunciamento da Justiça abre caminho àquele que poderá ser “o maior confisco de sempre relacionado com terrorismo”. O procurador federal de Manhattan congratulou-se pelo facto de a Justiça determinar que os proprietários do arranha-céus serviam de empresa fachada do Bank Melli do Irão e anunciou que o dinheiro da venda do imóvel, uma vez na posse no Governo dos Estados, reverteria em benefício das vítimas de acções de terrorismo promovido pelo Irão (como a tomada de reféns na embaixada dos EUA em Teerão em Novembro de 1979).