I have a dream: as canções do sonho

Foi há 50 anos que Martin Luther King Jr. proferiu um dos discursos mais célebres de sempre, inspirando gerações de cantores.

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O seu discurso, composto por frases já repetidas durante a campanha pelos direitos civis em várias cidades, manteve um certo ritmo, até que a cantora Mahalia Jackson, entre a multidão, próxima do palco, gritou a King: “Tell them about the dream, Martin.” E é a partir desse momento que o orador é possuído pelo espírito profético, levando emoção à multidão.

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O seu discurso, composto por frases já repetidas durante a campanha pelos direitos civis em várias cidades, manteve um certo ritmo, até que a cantora Mahalia Jackson, entre a multidão, próxima do palco, gritou a King: “Tell them about the dream, Martin.” E é a partir desse momento que o orador é possuído pelo espírito profético, levando emoção à multidão.

Habituado às longas celebrações, com discursos enfáticos e intervenções efusivas que tinham espaço de expressão nas igrejas, Martin Luther King Jr. conseguia criar um espaço de transcendência nas suas intervenções. Qualquer coisa que a música também alcança.

O movimento pela cidadania, a força da cultura negra, a luta por espaço e respeito foram capazes de levar milhares de pessoas às ruas naqueles dias, num movimento que inspirou inúmeras canções ao longo dos anos.

Algumas incorporaram o sonho do discurso de Martin Luther King Jr. de forma directa. Outras reflectiram o contexto daqueles tempos revolucionários. Algumas fazem parte da história. Aqui estão algumas:

 
Mathalia Jackson – We shall overcome

(Uma das canções mais conhecidas da época do movimento dos direitos civis. Foi interpretada por Mathalia Jackson e muitos outros cantores da época)

 

Aretha Franklin – Someday we’ll all be free

(A liberdade era o grande tema da luta pela cidadania dos negros americanos. Esta é a versão de uma dessas canções que aborda o tema, interpretada por Aretha Franklin, e incluída no final do filme Malcolm X de 1992, realizado por Spike Lee)

 

Sam Cooke – A change is gonna come

(Esperar e desejar a mudança marcou a experiência da América negra durante muitas campanhas pelos direitos humanos. Esta é uma dessas canções, de 1963, mas de carácter intemporal)

 

Marvin Gaye – Inner City Blues

(Uma das canções que reflecte as precárias condições de vida na América urbana, principalmente depois dos conflitos raciais que se seguiram à morte de Martin Luther King Jr.)


 

Nina Simone – Mississipi goddam

(Muitas das canções dos anos 1960 de Nina Simone captavam o espírito do movimento pelos direitos civis. Esta é uma dessas canções que parecem incorporar os dramas humanos num tempo de convulsão)

 

Billie Holiday – Strange Fruit

(A versão mais conhecida desta canção é a de Billie Holiday, com o seu expressionismo vocal a condenar o racismo do Sul da América)

Michael Jackson – History

(Ao longo dos anos quase todas as celebridades negras da pop aludiram na sua obra à figura de Martin Luther King Jr. Michael Jackson também o fez na década de 1990)


 

Common – I have a dream

(Canção de 2006 do rapper Common que incorpora excertos do discurso de Martin Luther King Jr. no Lincoln Memorial, propondo um rejuvenescimento espiritual)


 

U2 – Pride (In the name of love)

(Nas décadas que se seguiram ao assassinato de Martin Luther King Jr. muitos artistas criaram canções de tributo à sua vida. Esta é uma das mais conhecidas)


 

Fingers Inc. - Can You Feel It?

(Editado em 1988, esta produção de Larry Heard, é um dos temas fundamentais da música house nos seus primórdios, vindo a influenciar inúmeros DJ e produtores da música electrónicas nas décadas que se seguiram) 


 

Wray Gunn – Soul city

(Em Portugal, os Wray Gunn, na faixa de abertura do álbum Eclesiastes 1.11 de 2010, também utilizam um excerto do célebre discurso de Martin Luther King Jr.)