Aumento da dívida pública revela descalabro das contas públicas, diz PS

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João Ribeiro explorou contradições no interior do PSD NELSON GARRIDO

“O que hoje ficou demonstrado é que não está a haver consolidação orçamental e é mais um sinal daquilo que aparenta ser o descalabro do controlo das contas públicas”, afirmou à Lusa o membro do secretariado nacional do PS.

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“O que hoje ficou demonstrado é que não está a haver consolidação orçamental e é mais um sinal daquilo que aparenta ser o descalabro do controlo das contas públicas”, afirmou à Lusa o membro do secretariado nacional do PS.

João Ribeiro comentava os dados preliminares do Boletim Estatístico do Banco de Portugal hoje divulgados, segundo os quais a dívida das administrações públicas, na óptica de Maastricht, superou os 130% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano, para os 214.573 milhões de euros.

O porta-voz do PS salientou que “só no último trimestre a dívida pública subiu mais de 5 mil milhões de euros, a um ritmo de 60 milhões de euros por dia, e de 2,5 milhões de dívida por hora, depois de todos os cortes e sacrifícios que foram pedidos e a dívida não para de aumentar, atingindo os 131,4% do PIB”.

“Isto põe a nu que esta estratégia é errada, que não está a resolver os problemas do país e nenhuma melhoria trimestral do clima económico esconde a brutalidade dos valores da dívida”, comentou João Ribeiro.

Nesse sentido, “reiteramos a necessidade de renegociar as condições de ajustamento, de negociar os objectivos do memorando e é preciso que o Governo tenha força e credibilidade junto da troika para o conseguir e esta ministra das Finanças não será o melhor interlocutor para conseguir esses objectivos”, afirmou.

João Ribeiro criticou ainda a “ausência” de Maria Luís Albuquerque desde que tomou posse como ministra das Finanças, após a demissão de Vítor Gaspar.

“Sempre que saem números desta natureza o país gostaria de saber se ainda tem ministra das Finanças, que tem atravessado toda a crise em torno do ministério [das Finanças] sem falar, à excepção das suas declarações da festa do Pontal para dizer que era militante do PSD”, frisou ainda João Ribeiro.

O Governo afirmou hoje que a evolução da dívida das administrações públicas, contabilizada na óptica de Maastricht, se deve manter "em linha com o previsto".

Numa nota enviada hoje à agência Lusa, o Ministério das Finanças salvaguarda que "as previsões de evolução da dívida serão revistas durante a próxima missão de avaliação do Programa de Ajustamento", referindo, no entanto, que se espera que "o perfil de evolução do stock de dívida das administrações públicas na óptica de Maastricht nos próximos anos se mantenha em linha com o previsto anteriormente".

Segundo as metas definidas na sétima avaliação da troika a Portugal, a dívida pública portuguesa não deverá ultrapassar os 122,9% do PIB no final de 2013, na óptica de Maastricht, que é utilizada pela troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu).

Além disso, as Finanças justificam ainda a subida da dívida das administrações públicas para os 131,4% no primeiro semestre com o facto de o saldo de disponibilidades de tesouraria ter aumentado cerca de três pontos percentuais do PIB neste período.