Imprensa oficial chinesa confunde cena de filme pornográfico com execução nos EUA

Imagens divulgadas foram retiradas de uma página de conteúdos sexuais.

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Nesta quarta-feira de manhã, as imagens ainda estavam disponíveis na página de internet da agência de notícias estatal chinesa, Xinhua, mas foram entretanto retiradas. Os frames do vídeo foram também divulgados pela edição online do jornal Global Times, detido pelo Partido Comunista, no poder.

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Nesta quarta-feira de manhã, as imagens ainda estavam disponíveis na página de internet da agência de notícias estatal chinesa, Xinhua, mas foram entretanto retiradas. Os frames do vídeo foram também divulgados pela edição online do jornal Global Times, detido pelo Partido Comunista, no poder.

As imagens mostram uma mulher vestida apenas com cuecas e uma camisa desabotoada, que finge resistir enquanto uma agente policial a obriga a deitar-se na maca. À espera está um homem vestido de bata branca e máscara cirúrgica, pronto para injectar no braço da “condenada” o líquido letal. Depois da injecção, a mulher parece agonizar numa "morte" lenta.

As imagens ilustram o “lado sombrio do mundo”, escreveu a agência Xinhua. Porém, as cenas foram retiradas do filme Injecção Letal, disponível numa página de conteúdos pornográficos, que nada tem a ver com a pena de morte praticada nos Estados Unidos.

Os norte-americanos acusam frequentemente a China de graves atentados aos direitos humanos. Pequim responde às críticas pedindo a Washington que olhe para o seu próprio sistema, que também contempla a pena de morte.

A China é o país do mundo onde se registam mais execuções, segundo a Amnistia Internacional. O país recusa fornecer dados que indiquem o número exacto de pessoas condenadas à morte. Mas não tem pudor em mostrar as últimas horas das pessoas no corredor da morte. De tal forma que há seis anos, um canal televisivo emitiu uma série de programas de entrevistas com os condenados, em que estes confessavam os crimes e faziam os últimos pedidos.

Esta não é a primeira vez que a imprensa controlada pelo Estado chinês comete este tipo de gaffe. No ano passado, o jornal Diário do Povo publicou na sua edição online um artigo em que elogiava a aparência do líder norte-coreano Kim Jong-Un, pelo qual pagou a um jornal satírico americano.

Em 2011, a televisão pública chinesa divulgou uma reportagem sobre as operações da Força Aérea Chinesa, que incluía partes do filme Top Gun, realizado em 1986 em homenagem ao exército dos Estados Unidos.