Papa convida jovens a “mudar o mundo” e ir para a rua

Jornadas terminam este domingo com anúncio do próximo local onde os jovens se encontrarão com o chefe da Igreja Católica.

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Copacabana foi transformada num enorme parque de campismo com quatro quilómetros de comprimento. O presidente da câmara do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, calcula que estiveram três milhões de pessoas na praia da zona sul da cidade, “um recorde histórico”, superior ao da noite de passagem de ano – o Rio é conhecido pelos festejos do revéillon. Na manhã deste domingo o número será semelhante. Mais comedido, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi apontou os dois milhões de jovens.

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Copacabana foi transformada num enorme parque de campismo com quatro quilómetros de comprimento. O presidente da câmara do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, calcula que estiveram três milhões de pessoas na praia da zona sul da cidade, “um recorde histórico”, superior ao da noite de passagem de ano – o Rio é conhecido pelos festejos do revéillon. Na manhã deste domingo o número será semelhante. Mais comedido, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi apontou os dois milhões de jovens.

Durante a vigília e referindo-se aos manifestantes brasileiros que exigem o fim da corrupção e melhores condições de vida, Francisco disse: “Os jovens nas ruas querem ser actores de mudança. Por favor, não deixem que sejam os outros os actores da mudança. Não fiquem à margem da vida, não foi [à margem] que Jesus permaneceu. Ele comprometeu-se. Comprometam-se tal como fez Jesus!”

“O vosso jovem coração quer construir um mundo melhor. Sigo as notícias do mundo e vejo tantos jovens que saem à rua para exprimir o seu desejo de uma civilização mais justa e fraterna”, testemunhou Francisco, acrescentando que os jovens devem combater a “apatia e oferecer uma resposta cristã às inquietudes sociais e políticas que surgem nas diferentes partes do mundo”. “Peço-vos que sejam os construtores do futuro.”

Durante a tarde e à margem do programa da Jornada, cerca de mil manifestantes protestaram contra o Papa, a Igreja Católica e a situação do Brasil. Apelidada pelas próprias como a Marcha das Vadias, mulheres seminuas gritavam dirigindo-se aos peregrinos. Algumas empunhavam cartazes onde os terços desenhavam a forma de um pénis e outras distribuiam preservativos, chocando muitos dos que esperavam pelo Papa.

Jesus e o futebol
Porque se encontra no país que já ganhou cinco vezes o Mundial de Futebol e que se prepara para receber esse evento no próximo ano, Francisco usou metáforas desportivas para chegar aos jovens: “Jesus é melhor do que o Mundial!”
O que faz um jogador quando é convocado para jogar numa equipa, perguntou o Papa Bergoglio. “Deve treinar, e muito! Também é assim na nossa vida de discípulos do Senhor" Como? “Através da oração, dos sacramentos, pede-nos que nos assemelhemos a Ele, pelo amor fraternal, a escuta, a compreensão, o perdão, o acolhimento, a ajuda ao outro, de todas as pessoas sem exclusão, sem por à margem.”

“Queridos jovens, sejam verdadeiros atletas de Cristo”, exortou.

O Papa lembrou ainda Francisco de Assis, o santo que homenageou quando assumiu o seu nome ao aceitar suceder a Bento XVI. Assis abandonou tudo por amor a Cristo e soube ouvi-Lo quando Aquele lhe falou e pediu para reparar a Sua Igreja. “Não sejam cristãos em part-time, pela metade, de fachada, mas autênticos”, pediu.

Durante a semana que durou este evento que reúne os jovens católicos de todo o mundo, o Papa manteve sempre um discurso virado para a acção. Francisco apelou aos mais novos para que reorientem as suas vidas, deixando que seja Jesus o seu centro. Usando uma expressão brasileira, o chefe da Igreja Católica exortou: “’Bote Cristo’ na sua vida”.

Quem são os jovens que estão no Rio?
A maioria dos peregrinos que se encontra no Rio de Janeiro é contra o aborto e o casamento gay, mas a favor da contracepção, revela uma sondagem publicada este domingo no jornal Folha de São Paulo.

O inquérito revela que 65% dos jovens defendem o uso do preservativo e 55% dizem que o Papa deveria assumir essa posição. Quanto à pílula, 53% aprovam o seu uso e 44% defendem que a Igreja devia estar de acordo. Já o casamento entre pessoas do mesmo sexo só tem o apoio de um quarto dos entrevistados e a pílula do dia seguinte é aprovada por um terço.

Responderam ao inquérito 1279 participantes nas jornadas, apenas 12% era de origem estrangeira; 59% tem formação superior. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, informa o jornal.