Carminho: o passarinho de Caetano Veloso

Músico brasileiro dedicou a sua coluna semanal de Domingo à cantora portuguesa, que na semana passada actuou no Brasil.

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Carminho é já um nome bem conhecido entre o público brasileiro Miguel Madeira

A noite foi de homenagem a Tom Jobim (1927-1994), que teve várias músicas interpretadas por nomes bem conhecidas da música brasileira. Gal Costa, Nana Caymmi e Maria Gadú foram apenas algumas das artistas que subiram ao palco da 23ª Gala dos Prémios da Música Brasileira. Mas o destaque, escreve Caetano Veloso, foi sem dúvida Carminho, “prefaciada pela discrição mesoatlântica de António Zambujo, levando o sabiá de Tom Jobim e Chico Buarque ao lugar alto que lhe é de direito na história da língua portuguesa”. “Foi uma noite de vários aplausos de pé.”

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A noite foi de homenagem a Tom Jobim (1927-1994), que teve várias músicas interpretadas por nomes bem conhecidas da música brasileira. Gal Costa, Nana Caymmi e Maria Gadú foram apenas algumas das artistas que subiram ao palco da 23ª Gala dos Prémios da Música Brasileira. Mas o destaque, escreve Caetano Veloso, foi sem dúvida Carminho, “prefaciada pela discrição mesoatlântica de António Zambujo, levando o sabiá de Tom Jobim e Chico Buarque ao lugar alto que lhe é de direito na história da língua portuguesa”. “Foi uma noite de vários aplausos de pé.”

Carminho, que já no ano passado esteve no Brasil a gravar a edição brasileira de Alma com Chico Buarque, Milton Nascimento e Nana Caymmi, cantou nesta gala Sabiá, uma canção do exílio escrita por Tom Jobim e Chico Buarque em 1968.

“Carminho é a mais nova e a mais bela floração desse renascimento do fado entre jovens portugueses”, continua o músico brasileiro, para quem ouvir a fadista “a cantar essa canção de exílio brasileira com voz de quem mal atravessou o oceano para vir aqui nos ensinar tanto, foi de fazer chorar”. “A plateia se levantou crendo ser levada a isso pela exuberância vocal e musical da jovem cantora. Seria um aplauso entusiástico diante de uma interpretação virtuosística. Justo”, continua Caetano Veloso, que além de ter sido premiado na categoria de melhor cantor, venceu ainda o prémio para melhor projecto visual com o seu novo trabalho, Abraçaço.

A portuguesa foi por isso um acontecimento ao cantar assim “nosso passarinho (nos dois géneros: 'uma sabiá' e 'o meu sabiá', como o dicionarismo de Tom conversou com o de Chico, trazendo de volta minhas lembranças de uso do nome da ave, em minha Santo Amaro natal, tanto no masculino quanto no feminino) era, no auge do arrebatamento das notas altas com arabescos ibéricos, a consolidação desse mesoatlântico que busco e que Zambujo anunciou”.

E para terminar o elogio maior: “Carminho elevou a festa modesta à sua verdadeira altura histórica”.