Em casas de banho ou deitados no chão, miúdos da primária tentaram sobreviver

Foto
A escola de Plaza Towers ficou quase completamente destruída REUTERS/Richard Rowe

Primeiro, foi o pânico. Dezenas de crianças refugiaram-se na casa de banho das raparigas depois de ouvirem as sirenes de alerta. Outras correram para os corredores, baixaram-se. Depois, outro barulho, o do tornado, “como um comboio”, como contou Damian Britton, aluno do 4.º ano.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Primeiro, foi o pânico. Dezenas de crianças refugiaram-se na casa de banho das raparigas depois de ouvirem as sirenes de alerta. Outras correram para os corredores, baixaram-se. Depois, outro barulho, o do tornado, “como um comboio”, como contou Damian Britton, aluno do 4.º ano.

“Uma professora, a miss Crossway, estava a segurar-me a mim e ao meu amigo Zachary. Mas eu disse-lhe que estávamos bem, estávamos agarrados a coisas. Ela foi ajudar o meu amigo Antonio e ficou por cima dele. Salvou as nossas vidas”, contava Damian. Vários professores protegeram assim os alunos dos destroços que voavam. Tudo demorou uns cinco minutos, estima Damian. Quando o tornado acabou de passar, havia só “um monte de coisas atiradas de um lado para o outro”. “Os carros estavam virados ao contrário”, lembra Damian.

Bobby Kline foi um dos que se abrigaram na casa de banho das raparigas. Descreve o mesmo barulho de comboio que Damian. “Viam-se coisas a voar.” A mãe de Bobby, Brandi, estava no emprego quando o tornado passou. Mal pôde, correu para a escola dos filhos, onde esperou em pânico 45 minutos até receber um telefonema deles. Voltaram para casa — só sobrava metade. “Tenho sorte. Ainda tenho metade da minha casa, todos os vizinhos perderam tudo. E está tudo está bem desde que os meus filhos estejam a salvo. Isso é que é importante.”

Uma fotojornalista da Associated Press, Sue Ogrocki, conta que ao chegar a Moore viu “um grupo de pessoas perto de um monte de destroços demasiado grande para ser uma casa”, relata. “Uma mulher disse-me que tinha sido uma escola.”

“As paredes foram-se”, comentava um repórter da estação de televisão local KFOR, Lance West, ao chegar ao local. “Paredes de cimento com dez centímetros de espessura estão totalmente desfeitas.”

Inicialmente, pais chegaram a deitar abaixo linhas eléctricas com a pressa de chegar à escola e ver os filhos, conta a KFOR.

As operações de resgate começaram sem demora. Em silêncio, para que se pudessem ouvir crianças que pedissem ajuda (a autoridade de aviação restringiu mesmo o tráfego aéreo na zona por causa do ruído), e de modo ordeiro, notou a fotógrafa. “Pais e voluntários, em linha, passavam as crianças de uns para os outros”, até as deixarem num centro de triagem. Sue Ogrocki fotografou uma dúzia de miúdos saídos dos escombros. “Foquei a cara de cada um. Alguns estavam confusos. Outros choravam. Outros pareciam aterrorizados”, contou. “Mas estavam todos vivos.”

As autoridades reviram em baixa o número de crianças mortas para nove, e sete eram desta escola. O trabalho nos escombros deixou entretanto de ser uma operação de resgate. Passou a ser de recolha de corpos.