Novo líder da UGT apela no 1.º de Maio à unidade do movimento sindical

A central sindical estará sempre do lado dos trabalhadores, insiste Carlos Silva, que ensaia aproximação à CGTP, mas rejeita estar de “mão estendida” à Intersindical.

Fotogaleria

Para o novo líder da UGT, que falava na Praça dos Restauradores, em Lisboa, no final do desfile do 1.º de Maio da central sindical, a austeridade falhou e é hoje “claro que há outro caminho” a seguir: o do crescimento económico, com justiça social e sem prejuízo dos direitos dos trabalhadores.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Para o novo líder da UGT, que falava na Praça dos Restauradores, em Lisboa, no final do desfile do 1.º de Maio da central sindical, a austeridade falhou e é hoje “claro que há outro caminho” a seguir: o do crescimento económico, com justiça social e sem prejuízo dos direitos dos trabalhadores.

Sem nomear a CGTP, o sucessor de João Proença sublinhou que o momento que o país atravessa é demasiado sério para o movimento sindical estar de “costas voltadas”. “Todos juntos haveremos de recuperar” um Portugal mais justo, acentuou, para a seguir reforçar: “Somos pessoas, não somos objectos nem números”. E é preciso unidade na acção contra as “políticas liberais” que diz estarem a destruir a Europa.

As linhas do discurso de Carlos Silva reforçam a mensagem que deixou no último congresso da UGT, no qual ensaiou um apelo à unidade no movimento sindical para, com a CGTP, encontrar “pontos de convergência” – uma posição que já mereceu críticas internas, mas que Carlos Silva rejeita.

Em declarações ao PÚBLICO no final do discurso, o novo secretário-geral respondeu às acusações lançadas pelo anterior presidente da central, João de Deus, assegurando que a UGT não tem “nenhuma aproximação demasiada a quem quer que seja”. Não podemos confundir convergência e unidade na acção, que sempre existiu na UGT e nos sindicatos da nossa central com os sindicatos da CGTP ou independentes, como um estender a mão ou uma passadeira vermelha a quem quer que seja”, insistiu Carlos Silva.

UGT: é preciso espantar "fantasmas" do passado
O primeiro passo para a unidade do movimento sindical, disse ao PÚBLICO, é o diálogo. O segundo, “verificar a disponibilidade que há de ambas as partes”. “O namoro não pode ser só de um lado, tem de ter dois”, enfatiza. “Temos que espantar aí alguns ‘fantasmas’ que existem de um passado complexo, mas que não é inimigo nem adversário”.

O sindicalista espera, ao mesmo tempo, que o Executivo venha ao encontro dos discursos “que a UGT e outros parceiros têm feito”, porque, acusa, a Concertação Social está “esvaziada há um ano e meio por culpa exclusiva do Governo e não dos parceiros”.

No discurso na Praça dos Restauradores, garantiu que a central quer “ser parte da solução, não do problema”, mas ressalvou que isso implica “disponibilidade de todos os parceiros sociais” para dialogar, em particular do lado do Governo – e sem “falácias dos discursos políticos”.

“Somos e seremos sempre a primeira linha da defesa dos trabalhadores portugueses”, frisou, denunciando a “submissão [do Governo] aos interesses da troika”.

“Não aceitaremos que os cortes na despesa do Estado sejam feitos com recurso ao despedimento dos trabalhadores da função pública”, do Sector Empresarial do Estado, e com reduções salarias e de pensões, defendeu, dizendo haver espaço para ser negociado um pacto para os trabalhadores.

Recuperando, aliás, as palavras do seu discurso no último congresso da UGT, Carlos Silva reforçou que a central estará “sempre do lado dos trabalhadores”, a quem prometeu defender os seus postos de trabalho contra o “discurso da inevitabilidade”.